O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, reiterou, esta sexta-feira, rejeitar qualquer tipo de “compromisso” que não inclua a libertação de todos os territórios da Ucrânia no âmbito do conflito travado por aquele país contra a Rússia, atirando que uma concessão semelhante equivaleria “a admitir a derrota da democracia, a vitória da Rússia, a preservação do regime de [Vladimir] Putin”.
“Qualquer ‘cenário de compromisso’ que NÃO vise a libertação todos os territórios da Ucrânia, de que falam periodicamente ‘fontes anónimas’ das elites europeias e americanas, equivale a admitir a derrota da democracia, a vitória da Rússia, a preservação do regime de Putin e, como consequência, o aumento acentuado dos conflitos na política global”, começou por escrever o responsável, na rede social Twitter.
E foi mais longe: “Tudo isto é o sonho estimado da Rússia. A pergunta é retórica: por que é que os atores públicos individuais continuam a aliar no ‘cenário dos meios de comunicação russos’ e a prolongar o conflito?”, rematou.
Estas declarações surgiram numa altura em que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, esclareceu que o presidente russo “permanece aberto ao diálogo”, depois de o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter referido que está pronto para retomar o contacto com o chefe de Estado russo sobre a Ucrânia.
Any "compromise scenario" envisaging the liberation of NOT all territories of #Ukraine, which "anonymous sources" in the European and American elites periodically talk about, is tantamount to admitting the defeat of democracy, the victory of #Russia, the preservation of the…
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) May 26, 2023
Acumulam-se as declarações do conselheiro presidencial ucraniano quanto à rejeição de conversações com a Rússia que, a seu ver, não trariam paz, mas multiplicariam as vítimas, ao representar a vitória de Putin.
Ainda assim, Podolyak indicou, noutra ocasião, que “a Ucrânia nunca se recusou a negociar”.
“A nossa posição de negociação é conhecida e aberta. Putin está pronto? Obviamente que não. Portanto, somos construtivos na nossa avaliação: falaremos com o próximo líder da [Rússia]”, disse, alertando que, para a porta das conversações ser aberta, a Rússia deverá retirar as suas tropas da Ucrânia.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.895 civis desde o início da guerra e 15.117 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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