Segundo a oposição, em causa está a eliminação de muitos eleitores dos cadernos eleitorais ou o seu registo para votar em assembleias de voto longe das suas casas.
David Coltart, alto responsável do principal movimento da oposição, a Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC, na sigla em inglês), disse à agência de notícias AFP que foi retirado da assembleia de voto onde estava inscrito há décadas, para ser colocado, sem razão aparente, numa assembleia de voto mais distante.
"Quer seja simplesmente o caos ou os membros do CCC estejam a ser deliberadamente visados, as listas eleitorais já podem ser descritas como desastrosas", disse o antigo ministro.
Em comunicado, o CCC condenou as "graves anomalias", afirmando ter constatado "numerosos erros e omissões" no recenseamento eleitoral.
O Movimento para a Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), também da oposição, denunciou as mesmas irregularidades.
"Os eleitores ainda não sabem se teremos eleições livres e credíveis", disse o seu porta-voz, Witness Dube.
Os dois dirigentes da oposição afirmaram que "centenas" de zimbabueanos em todo o país se encontram na mesma situação, apelando à comissão eleitoral (ZEC, na sigla em inglês) para que ponha ordem na sua casa.
"Não somos perfeitos", disse à AFP o vice-presidente da ZEC, Rodney Kiwa, assegurando que a comissão está "a corrigir todos os erros".
O Presidente zimbabueano, Emmerson Mnangagwa, tinha prometido, no sábado, anunciar a data das eleições legislativas e presidenciais no domingo, mas esta ainda não era conhecida ao fim do dia de hoje.
No poder desde a independência em 1980, o partido Zanu-PF de Mnangagwa, de 80 anos, vai enfrentar o CCC, liderado por Nelson Chamisa, um advogado e pastor de 45 anos que é conhecido nas ruas como "o jovem".
Durante meses, o CCC acusou o governo de reprimir a oposição, com as reuniões a serem alvo de medidas que as impossibilitam e os líderes detidos.
Em 2018, Mnangagwa venceu por pouco (50,8%) uma eleição marcada pela violência.
Nos últimos meses, o grupo local de defesa dos direitos civis Team Pachedu denunciou irregularidades flagrantes na divisão dos círculos eleitorais, com algumas coordenadas geográficas a corresponderem a lugares na Antártida.
O país da África Austral, sem litoral, tem uma população de 15 milhões de habitantes, de acordo com o último recenseamento e está classificado em 157.º lugar, entre 180 países, pela Transparência Internacional no que respeita ao seu nível de combate à corrupção.
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