Líder timorense propõe declarar Mar do Sul da China zona de paz

O Presidente timorense disse hoje que o Mar do Sul da China deve ser declarado zona de paz e cooperação, sem instalações militares permanentes, com respeito pela lei do mar e sem declarações de potências externas sobre Taiwan.

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Lusa
01/06/2023 10:41 ‧ 01/06/2023 por Lusa

Mundo

Ramos-Horta

"Para manter a paz na região, as potências externas devem abster-se de fazer declarações e ou tomar medidas em relação a Taiwan que sejam consideradas provocatórias e contrárias à realidade claramente estabelecida de uma política de uma só China", afirmou Ramos-Horta.

"Os EUA e a China devem gerir a sua situação económica, comercial, científica, tecnológica e de influência procurando a concorrência para não se enfraquecerem enquanto dissuasores credíveis e garantes da paz e da estabilidade na Ásia e não só", notou ainda.

Ramos-Horta, que falava na sessão de abertura da 18.ª edição do Jeju Fórum para a Paz e a Prosperidade, na ilha sul-coreana de Jeju, disse que Pequim "deve estar na linha da frente apoiando uma ordem internacional reforçada baseada em regras", apelando aos EUA para "revitalizar a Organização Mundial de Comércio (OMC) e reforçar o multilateralismo".

O chefe de Estado timorense mostrou-se contra sanções unilaterais de qualquer natureza, que "não devem ser aplicadas como um instrumento político", e disse que a militarização e construção de ilhas artificiais para fins militares no Mar do Sul da China é "inconsistente com o Direito Internacional em relação às Zonas Económicas Exclusivas e à Liberdade de Navegação, cria desconfiança, suspeita mútua, aumenta as tensões e arrisca o confronto".

O chefe de Estado disse que a Ásia continua a liderar o planeta em crescimento e prosperidade, mas que "nuvens negras pairam sobre a região", desde a pobreza extrema e a desigualdade exacerbada pela pandemia da covid-19, as mudanças climáticas causadas pelo homem, a guerra na Ucrânia, as interrupções na cadeia alimentar e no comércio internacional, a inflação, a dívida externa, a proliferação nuclear, a Coreia do Norte e as tensões no Mar do Sul da China.

Sobre a Coreia do Norte, Ramos-Horta disse que a situação não se tem alterado, com "milhões de seres humanos privados de direitos humanos básicos e reféns do regime totalitário", e que é "um objetivo inatingível" pensar na desnuclearização do país.

"A República Popular Democrática da Coreia possui armas nucleares, já é uma potência nuclear armada e não vejo como é que uma potência nuclear totalitária desmantelaria voluntariamente o seu arsenal", disse.

Apesar disso, o chefe de Estado disse que para ajudar a manter a paz na península coreana e promover a paz e a prosperidade no mundo, "a China e os EUA devem voltar a empenhar-se a nível da cimeira, concordar que a concorrência estratégica é inevitável, normal, esperada mesmo entre amigos".

"A paz na península da Coreia e em toda a região deve superar as diferenças noutras áreas de competição e rivalidade entre as duas superpotências. Para ajudar a manter a paz na região, as três potências do nordeste asiático, China, Japão e Coreia do Sul devem continuar seus intercâmbios mutuamente benéficos, expandir o comércio e os investimentos, expandir os contactos entre pessoas e encontrar maneiras de superar os amargos legados do passado", considerou.

Leia Também: Timor-Leste. Ramos-Horta confiante em tranquilidade depois do voto

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