Amnistia Internacional condena violência policial no Senegal
A Amnistia Internacional (AI) condenou hoje a violência policial no Senegal, que já causou nove mortos, e apelou ao restabelecimento da imprensa nos protestos que decorrem no país desde quinta-feira, na sequência da condenação do opositor Ousmane Sonko.
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"Condenamos as restrições no acesso às redes sociais e o corte do sinal do canal de televisão privado Walf TV pelas autoridades senegalesas no contexto das manifestações violentas que tiveram lugar em Dacar, Ziguinchor e Kaolack, entre outras cidades", disse Samira Daoud, diretora regional da AI para a África Ocidental e Central.
"Estas restrições ao direito à liberdade de expressão e de informação constituem medidas arbitrárias contrárias ao direito internacional e não podem ser justificadas por imperativos de segurança", acrescentou Daoud.
O diretor regional da organização de defesa dos direitos humanos apelou também a uma paragem imediata das detenções arbitrárias de membros da oposição e de líderes da sociedade civil que têm ocorrido nos últimos dias no país.
O diretor executivo da Amnistia no Senegal, Seydi Gassama, apelou às autoridades senegalesas para que "procedam a investigações credíveis e independentes sobre as mortes ocorridas durante as manifestações em Dakar e Ziguinchor".
O ministro do Interior senegalês, Antoine Félix Abdoulaye Diome, disse ao início da manhã de hoje que nove pessoas tinham morrido durante as manifestações.
Confirmou também que o Estado senegalês tinha decidido suspender temporariamente a utilização de certas aplicações digitais, "através das quais são feitos apelos à violência e ao ódio".
Os protestos começaram na quinta-feira na maioria dos bairros de Dacar e das principais cidades do país, após o anúncio de uma condenação a dois anos de prisão por aliciamento de menores contra o líder da oposição Ousmane Sonko.
Sonko foi acusado no início de 2021 por uma jovem massagista, Adji Sarr, de "violações repetidas" e "ameaças de morte", acusações de que foi absolvido pelo tribunal.
O opositor e os seus apoiantesdenunciaram a "instrumentalização" da justiça por Macky Sall (Presidente do país desde 2012 e reeleito em 2019) para o impedir de concorrer às eleições presidenciais previstas para fevereiro de 2024.
Conhecido pelo seu discurso "antissistema", o líder da oposição critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, encontrando muitos seguidores entre a juventude senegalesa.
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