Esta posição foi transmitida por António Costa no início da reunião plenária entre os governos de Lisboa e de Luanda no Palácio Presidencial, em Luanda, depois da cerimónia de apresentação de cumprimentos de boas-vindas pelo chefe de Estado de Angola, com honras militares, hinos nacionais dos dois países e revista às tropas.
Num breve discurso, que antecedeu a cerimónia de assinatura de acordos bilaterais entre os dois países, o líder do executivo português referiu-se à guerra na Ucrânia, dizendo que "Portugal vê com muito apreço a condenação da invasão russa por parte de Angola e, em particular, pelo senhor Presidente João Lourenço".
"Não pode haver ambiguidades entre o agredido e o agressor. E temos consciência do impacto desta guerra na segurança alimentar à escala global e do impacto desproporcional nos países mais vulneráveis", apontou, tendo ao seu lado o chefe de Estado angolano.
Neste contexto, António Costa frisou que "Portugal tem defendido ativamente a introdução de exceções em relação a produtos alimentares, no âmbito do regime de sanções, de modo a mitigar a crise alimentar global".
"Estas exceções, que estão contempladas nos pacotes de medidas restritivas da União Europeia, devem ser estendidas a outros bens essencial para garantir a segurança alimentar, designadamente no que respeita aos fertilizantes", acrescentou.
Nesta sua segunda visita oficial a Angola, que terminará na terça-feira, António Costa está acompanhado pelos ministros das Finanças, Fernando Medina, dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, da Economia, António Costa Silva, da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André.
Hoje, após almoçar com João Lourenço, o primeiro-ministro visita a Casais Angola, empresa que é um dos principais atores no setor da engenharia e construção em território angolano, e a Acail. Esta última é considerada uma empresa de referência no setor dos produtos siderúrgicos, produção de gases industriais, alimentares e medicinais, pré-fabricados em betão e comércio de medicamentos.
António Costa termina o dia com uma receção aos empresários portugueses em Angola, estando convidados cerca de uma centena com negócios em setores variados: Construção e engenharia, banca, energia, agroalimentar, consultoria, saúde, turismo. Estarão também presentes membros do Governo angolano.
Na terça-feira, último dia de visita, o líder do executivo português desloca-se à sede da Caixa Geral Angola (a Caixa Geral de Depósitos detém a maioria do capital social com 51%), que está direcionada para o segmento das grandes e médias empresas, e visita a Fortaleza de São Francisco do Penedo (obra de valor histórico a cargo da Mota Engil) e a Escola Portuguesa de Luanda.
A Escola Portuguesa de Luanda, segundo o executivo de Lisboa, tem cerca de dois mil alunos, é administrada diretamente pelo Estado português e apresenta taxas de sucesso escolar elevadas.
Ao fim da tarde de terça-feira, o primeiro-ministro parte para a África do Sul, juntando-se na quarta-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do Dia de Portugal com as comunidades portuguesas de Joanesburgo e de Pretória.
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