Itália. 5 polícias detidos por torturarem migrantes e pessoas sem abrigo
Agentes terão agredido violentamente e insultado refugiados em centros de detenção, incluindo obrigar uma pessoa a urinar no chão para depois o usarem "como uma esfregona para limpar".
© iStock
Mundo Itália
Cinco agentes da polícia italiana de Verona foram detidos esta semana e acusados de torturarem e agredirem pessoas migrantes e em situação de sem abrigo, com algumas das situações denunciadas a apontarem para motivações racistas e xenófobas.
Aliás, dois dos cinco suspeitos foram também acusados de crimes de ódio, nomeadamente contra pessoas negras e migrantes africanos. Todos os suspeitos foram colocados em prisão domiciliária.
Segundo a investigação das autoridades italianas, citada pelo The Guardian, os agentes agrediam as pessoas encontradas, em situações extremamente vulneráveis, quando estas passavam pelos processos de identificação. Os abusos documentados ocorreram entre julho de 2022 e março de 2023.
Num dos episódios descritos pelas autoridades, dois dos suspeitos terão forçado uma pessoa, que estava num centro para refugiados, a urinar no chão, antes de o utilizarem como "uma esfregona". É também dito que os agentes terão usado gás pimenta diretamente para os olhos de migrantes e pontapeado as suas cabeças até que desmaiassem.
Um dos suspeitos teve as suas chamadas monitorizadas pela acusação italiana, que o 'apanhou' a gabar-se à namorada que tinha agredido pessoas, descrevendo-as com insultos racistas e xenófobos.
"Não pode ser negado que, através da sua conduta, os suspeitos traíram a sua função, suprimiram os direitos e liberdades das pessoas sob a sua autoridade e ofenderam a sua dignidade, criando desordem e comprometendo a ordem pública, criando crimes em vez de os prevenir, e tirando vantagem do seu estatuto", descreveu a acusação, citada pelo jornal britânico.
A polícia italiana já tinha realizado um inquérito aos abusos denunciados, tendo dado novas funções aos agentes (mas deixou de lado possíveis despedimentos).
A acusação surge numa altura em que as políticas antirrefugiados do governo de extrema-direita italiano têm provocado cada vez mais tensões no Mar Mediterrâneo e nas relações entre as forças de autoridade e os refugiados. Na semana passada, três agentes passaram a ser investigados pela sua alegada responsabilidade num naufrágio na costa sul do país, no qual morreram 90 pessoas.
Leia Também: Polícia de Nova Iorque acusada de buscas abusivas contra pessoas negras
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com