O antigo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, renunciou ao mandato de deputado no parlamento britânico, esta sexta-feira, com efeito imediato. Em causa está o relatório sobre o escândalo 'Partygate', que investigava a violação das regras impostas para conter a pandemia da Covid-19 por parte do seu gabinete.
"Para meu espanto, estão determinados a usar os procedimentos contra mim, para me expulsar do parlamento", disse o responsável, num comunicado citado pela Sky News.
Boris adiantou também já ter comunicado formalmente a renúncia ao círculo de Uxbridge e South Ruislip, que terá, agora, de ir a votos.
"Lamento muito deixar a minha maravilhosa circunscrição eleitoral. Foi uma grande honra servi-los, tanto como presidente da Câmara, como deputado", salientou, de acordo com o mesmo meio.
Ainda que o antigo primeiro-ministro não tenha revelado qual a sanção recomendada pelo comité de investigação, uma suspensão de 10 dias ou mais da Câmara dos Comuns daria a origem a uma petição de revogação do cargo de deputado, que poderia culminar com uma eleição parcial, caso 10% dos seus constituintes a apoiassem.
Boris ressalvou, contudo, que o comité de investigação "não tem quaisquer provas" de que o parlamentar tenha enganado "intencionalmente ou imprudentemente" a Câmara dos Comuns no caso 'Partygate'.
"Sabem perfeitamente que quando falei estava a dizer o que sinceramente acreditava ser verdade e o que fui instruído a dizer, como qualquer outro ministro", complementou.
Na sua ótica, a investigação liderada pela trabalhista Harriet Harman não passa de "uma caça às bruxas", como "vingança pelo Brexit e para reverter o resultado do referendo de 2016".
"A minha remoção é o primeiro passo necessário, e acredito que houve uma tentativa concertada de conseguir isso. Receio não acreditar mais que seja coincidência que Sue Gray - que investigou as festas no Número 10 - seja agora a chefe de pessoal designada pelo líder trabalhista", apontou.
O ex-primeiro-ministro deixou ainda duras críticas ao governo de Rishi Sunak, lançando que, quando deixou o cargo, "o governo estava apenas uma mão cheia de pontos atrás na sondagens".
"Esta margem alargou-se exponencialmente. Apenas alguns anos depois de ganharmos a maior maioria em quase meio século, essa maioria está agora claramente em risco. O nosso partido precisa, urgentemente, de recapturar o seu impulso e a sua crença no que este país pode fazer", disse.
Boris Johnson, cuja carreira foi uma montanha-russa de escândalos e reviravoltas, levou os conservadores a uma vitória esmagadora em 2019, mas foi forçado a sair pelo seu próprio partido menos de três anos depois.
[Notícia atualizada às 20h58]
Leia Também: Boris Johnson alvo de novas alegações sobre violar normas anti-Covid-19