O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) ucraniano, Oleg Nikolenko, disse hoje que, apesar da libertação de prisioneiros de guerra ser "sempre uma boa notícia", Kyiv não foi informado sobre as negociações que Budapeste e Moscovo mantiveram para chegar a tal acordo.
Nikolenko indicou que o MNE da Ucrânia soube pela comunicação social que 11 cidadãos ucranianos de origem húngara, procedentes da região da Transcarpácia, foram entregues às autoridades de Budapeste e que Kyiv pretende também ter acesso a eles.
"A Ucrânia apresentou um pedido para obter informação detalhada sobre os nossos cidadãos e garantir de imediato que o cônsul ucraniano terá acesso a eles para saber do seu estado de saúde e fornecer-lhes ajuda consular", disse Nikolenko num comunicado divulgado nas suas contas das redes sociais.
Durante o encontro, o porta-voz do MNE ucraniano sublinhou ao representante húngaro a necessidade de "coordenar a cooperação em áreas tão delicadas como a libertação de prisioneiros de guerra".
A Igreja Ortodoxa russa anunciou ter servido de intermediária para a entrega dos prisioneiros de guerra ucranianos à Hungria e Kyiv lamentou, mais uma vez, não ter sido envolvido nas negociações.
A transferência dos prisioneiros ocorreu na quinta-feira "com a bênção" do patriarca Kirill, "no âmbito de uma cooperação entre Igrejas e a pedido da parte húngara", indicou o Patriarcado de Moscovo em comunicado, invocando "a humanidade cristã".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 471.º dia, 8.983 civis mortos e 15.442 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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