Segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio, Ahmed Abu Zeid, as "atividades ilegais de pessoas e grupos no lado sudanês da fronteira expandiram-se", incluindo a falsificação de vistos de entrada no Egito com vista à obtenção de lucros.
O diplomata disse, citado em comunicado, que tais pessoas ou grupos aproveitavam-se "da necessidade dos sudaneses que chegam ao Egito e das boas intenções da parte egípcia para responder e absorver os grandes fluxos de chegadas".
Desde que começou o conflito no Sudão, em 15 de abril, mais de 200 mil sudaneses foram acolhidos no Egito, de acordo com o Governo no Cairo.
Antes de exigir o visto de entrada, o Egito dava via aberta a todas as mulheres e crianças e a homens com mais de 50 anos.
Ahmed Abu Zeid esclareceu que a medida visa "estabelecer um quadro regulamentar" no processo de entrada dos "irmãos sudaneses" no Egito e "não impedir ou limitar o número de cidadãos sudaneses que chegam" ao país, adiantando que o Governo egípcio tem "a responsabilidade de proporcionar a todos" os refugiados serviços de saúde e educação e casa.
A maioria dos sudaneses fugiu da crise no seu país a partir da capital, Cartum, principal foco do conflito armado, e de outros estados em direção ao norte para atravessar a fronteira terrestre com o Egito.
A crise no Sudão começou quando o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido se rebelou contra o Exército depois de recusar a unificação das Forças Armadas segundo um acordo assinado para a transição para a democracia.
Os confrontos provocaram já a morte de 850 pessoas e 5.500 feridos, segundo as Nações Unidas, que ressalva que estes números são os fornecidos pelos hospitais que ainda funcionam no Sudão.
De acordo com a organização não-governamental de monitorização de conflitos ACLED, a guerra no Sudão já provocou pelo menos 1.800 mortos.
Devido aos confrontos, mais de 1,3 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar as suas áreas de residência ou a refugiar-se nos países vizinhos.
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