Em comunicado, a UNITAMS expressou o seu choque com os acontecimentos ocorridos na quarta-feira em Al Geneina, capital do Darfur Ocidental, no oeste do Sudão, e condenou veementemente esse "ato hediondo".
"Testemunhas oculares convincentes atribuem este ato às milícias árabes e às Forças de Apoio Rápido (RSF), apesar de as RSF terem negado à missão o seu envolvimento", disse na mesma nota a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no país africano, que hoje completa dois meses imerso num conflito entre o Exército sudanês e o grupo paramilitar RSF.
A ONU apelou ao "bom senso do povo sudanês para que não se deixe arrastar pelo turbilhão do discurso de ódio e da polarização étnica" e lamentou a perda de Jamis Abdala Abkar, "interlocutor-chave na região e signatário do Acordo de Paz de Juba".
Neste sentido, denunciou a atual escalada militar e os combates no Darfur e apelou à cessação imediata de todas as operações militares, a fim de desescalar a situação, lidar com a crescente violência étnica, permitir o acesso à ajuda humanitária e evitar uma maior deterioração que poderá levar a um conflito em grande escala.
Também lembrou todas as partes das suas obrigações sob o direito internacional humanitário e o direito internacional dos direitos humanos para garantir a segurança e proteção dos civis.
A UNITAMS enfatizou que "os crimes e violações cometidos durante este conflito não serão ignorados e não devem ficar sem responsabilização".
Numa reunião na manhã de hoje no Conselho de Segurança da ONU, o diplomata sudanês Alharith Idris falou da situação no país, em especial no Darfur, onde garantiu que os civis, assim como infraestruturas essenciais, são alvo de ataques.
O embaixador manifestou ainda o seu descontentamento com a "falta de apoio" da comunidade internacional e alertou que a "neutralidade diante de crimes que equivalem a crimes de guerra e crimes contra a humanidade é apenas um incentivo" para que continuem a acontecer.
Segundo dados do Sindicato dos Médicos Sudaneses divulgados esta quarta-feira, pelo menos 958 civis morreram nos dois meses de combates entre o exército, dirigido pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, do general Mohamed Hamdane Daglo.
Os combates desencadearam-se após desentendimentos sobre a unificação das Forças Armadas, no âmbito de um acordo assinado para a transição para a democracia.
Já a organização ACLED, especializada em recolha de informação em zonas de conflito, já contabilizou mais de 1.800 mortos, enquanto a ONU aponta para dois milhões de deslocados e refugiados na sequência do conflito.
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