No seu último relatório, que deverá ser divulgado esta semana, o painel de peritos da ONU sobre a RDCongo revela que o EI "forneceu apoio financeiro" às FDA desde, pelo menos, 2019, "através de um sistema financeiro complexo que envolve indivíduos em vários países do continente, emanando da Somália e passando pela África do Sul, Quénia e Uganda".
Um dos muitos grupos armados que assolam o leste da República Democrática do Congo, as FDA estão entre os mais mortíferos, acusados de matar milhares de civis.
Originalmente rebeldes ugandeses, maioritariamente muçulmanos, presentes na RDCongo desde a década de 1990, juraram fidelidade em 2019 ao EI, que reivindica a responsabilidade por algumas das suas ações e os apresenta como a sua "província centro-africana".
O seu financiamento pelo EI não tinha sido documentado até agora, no entanto.
Os peritos afirmam ainda que as FDA "enviaram combatentes e/ou colaboradores em missões de reconhecimento, numa tentativa de alargar a sua área de operações para além das províncias de Kivu do Norte e Ituri".
Segundo os peritos, "procuraram recrutar e efetuar ataques em Kinshasa", bem como nas províncias congolesas de Tshopo, Haut-Uélé (nordeste) e Sud-Kivu.
As autoridades ugandesas acusam as FDA de terem efetuado um ataque a uma escola secundária ugandesa perto da fronteira congolesa, na sexta-feira à noite, que causou a morte de pelo menos 41 pessoas.
O Uganda e a RDCongo lançaram uma ofensiva conjunta em 2021 para expulsar as FDA dos seus redutos congoleses, mas até à data não conseguiram pôr termo aos ataques do grupo.
Os peritos da ONU também dedicam uma grande parte do seu estudo ao apoio do Ruanda aos rebeldes do M23 no Kivu do Norte, que já tinham estabelecido em relatórios anteriores, embora Kigali negue o facto.
Afirmam que obtiveram "mais provas de intervenções diretas das Forças de Defesa do Ruanda [RDF, sigla em inglês] no território da RDCongo" e "identificaram vários comandantes e oficiais das RDF que coordenam" as suas operações na RDCongo.
De um modo geral, constatam que "a situação humanitária e de segurança nas províncias de Ituri, Kivu do Norte e Kivu do Sul continuou a deteriorar-se significativamente".
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