O aviso do Tribunal Judicial de Cabo Delgado datado de 05 de abril surge passados dois meses e meio no Notícias, principal jornal diário moçambicano, depois de o Governo já ter anunciado em maio estar a procurar investidores para pegar nos campos de algodão.
O tribunal pede aos "credores não indicados pelo devedor" que apresentem as suas reclamações e exibe uma tabela com as dívidas conhecidas, 95% das quais contraídas junto de quatro bancos: Moza Banco, BCI, Access Bank e Societe Generale.
O Moza é credor de 197 milhões de meticais (2,7 milhões de euros), o BCI de 127 milhões (1,7 milhões de euros), o Access de 110 milhões (1,5 milhões de euros) e o Societe Generale de 58 milhões (813 mil euros).
Além dos bancos, estão identificados 3,4 milhões de meticais (cerca de 48 mil euros) de salários que ficaram por pagar, sendo o resto da dívida identificada ao fisco e segurança social.
No documento, a empresa britânica apontou os prejuízos provocados por ciclones e o impacto da violência armada em Cabo Delgado para justificar um desempenho financeiro em deterioração desde 2016 e o fim das operações no último ano.
Estima-se que cerca de 200 trabalhadores tenham ordenados em atraso e que 50 mil produtores de algodão e suas famílias em Cabo Delgado estejam desde 2022 em dificuldades para escoar a matéria-prima que até então entregavam à Plexus.
Em complemento ao anúncio feito em maio pelo ministro da Agricultura, Celso Correia, de que há contactos em curso para encontrar novos investidores, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, disse também este mês numa visita ao distrito de Montepuez, onde funcionava a sede da Plexus, que há diligências em curso para revitalizar o setor.
Uma das ferramentas será um concurso público que decorre para identificação de empresas interessadas e com capacidade técnica comprovada para o fomento da cultura de algodão no país.
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