De acordo com um relatório publicado hoje, e citado pela agência espanhola de notícias, a EFE, a HRW critica a incapacidade do Governo para aplicar eficazmente a Lei das Pessoas Adultas", aprovada a seguir ao apartheid [regime segregacionista que vigorou no país entre 1948 e 1994], e proteger os direitos dos mais velhos e proporcionar-lhes serviços de apoio e ajuda comunitária e domiciliária.
Os mais de 5,5 milhões de pessoas com 60 anos ou mais que vivem na África do Sul "passaram pelo menos metade da sua vida debaixo do apartheid", salientou a HRW, destacando que "as políticas de segregação racial negaram à maioria da população negra, mestiça e indiana ou asiática um bom nível de educação, um trabalho decente e a possibilidade de poupar para a terceira idade".
Segundo a HRW, "o impacto cumulativo dessa discriminação racial continua a afetar as pessoas seniores na atualidade", o que é agravado pelas políticas do governo sul-africano.
Em causa está, defendem os ativistas, o agravamento da situação "devido às restrições do Governo sobre como se podem gastar os fundos, à falta de um sistema para determinar quem tem direito a receber cuidados e apoio, a excessiva dependência dos familiares, as disparidades entre os planos das diferentes entidades governamentais provinciais e o número insuficiente de trabalhadores sociais".
O desmantelamento da segregação racial na economia mais industrializada da África subsaariana não começou até meados da década de 90, e as primeiras eleições democráticas e multirraciais aconteceram em 1994, dando a vitória ao histórico Nelson Mandela.
De acordo com dados do Banco Mundial citados pela EFE, a África do Sul é o país mais desigual do mundo e as disparidades raciais são a principal causa da diferença que há nos salários, embora o género também seja importante, já que as mulheres recebem salários 38% inferiores aos dos homens.
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