"Solicitamos respeitosamente seu apoio e a adoção de medidas legais e diplomáticas para que o Brasil conceda asilo político a Julian Assange o mais rápido possível", dizem os cerca de 2.900 subscritores, que incluem também jornalistas, professores, sindicalistas e dirigentes de diversas organizações da sociedade civil.
Os signatários citam as várias ocasiões em que Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa de Julian Assange, que qualificou de "prisioneiro por denunciar as armadilhas de um Estado", e da liberdade de imprensa.
Segundo os autores da carta, caso a justiça britânica confirme a sua decisão de o extraditar para os Estados Unidos da América, o fundador do WikiLeaks poderá ser condenado a 175 anos de prisão por ter "revelado factos verdadeiros sobre os Estados Unidos".
"Especificamente, propomos que promova um esforço internacional em conjunto com outros países, a começar pelos BRICS [fórum que engloba Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] e o G20, para obter a aprovação deste asilo político por parte do governo britânico", lê-se na carta.
De acordo com os signatários, a petição pode ser apresentada diretamente pelo Governo brasileiro ao Reino Unido com o apoio de personalidades mundiais como o Papa Francisco, o ator Leonardo DiCaprio e o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel.
"Consideramos que, independentemente do resultado, esse vigoroso esforço em defesa de Assange contribuirá para marcar ainda mais a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no mundo", acrescenta o texto.
Durante a sua visita a Londres, em maio, onde assistiu à coroação do rei Carlos III, Lula da Silva classificou como "uma vergonha que um jornalista que revelou as armadilhas de um Estado contra outros seja condenado a morrer na prisão e que ninguém faça nada pela sua liberdade".
Assange, acusado pelos Estados Unidos de 18 crimes de espionagem e intrusão informática, está há quatro anos numa prisão londrina, onde deu entrada depois de o Equador lhe ter retirado o asilo político e o ter expulsado da sua embaixada na capital britânica.
Foi inicialmente detido em 2010, depois de o WikiLeaks ter denunciado alegados crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão, a pedido da Suécia, que o considerava suspeito de alegados crimes sexuais, pelos quais nunca foi acusado.
Entre os signatários da carta a Lula da Silva estão a deputada comunista Jandira Feghali, os ex-ministros Renato Ribeiro, Ana de Hollanda, Sergio Machado Rezende e José Gomes Temporão, o neurologista Sidarta Ribeiro, o músico Jaques Morelembaum e o cientista Ennio Candotti.
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