Num comunicado, a organização não-governamental Human Rights Watch, (HRW) disse que, durante o primeiro ano de mandato de Marcos Jr., "a polícia e os seus agentes continuam com assassínios da sua 'guerra às drogas', embora num ritmo menor" do que durante o governo de Rodrigo Duterte (2016-2022).
De acordo com um estudo divulgado na segunda-feira pelo Centro de Estudos do Terceiro Mundo da Universidade das Filipinas, houve 336 assassínios "relacionados com drogas" desde que Marcos Jr. se tornou presidente, a maioria durante operações antidroga da polícia.
A HRW apelou ao chefe de Estado para anular as ordens e declarações políticas que sustentam a "guerra às drogas" lançada por Rodrigo Duterte e "cumprir a sua promessa de usar meios não violentos para lidar com as drogas ilegais".
As agências governamentais devem fornecer apoio adequado e consistente às famílias das vítimas da "guerra às drogas", especialmente crianças, acrescentou a organização.
Dos milhares de casos de assassínios em operação contra o tráfico de drogas desde 2016, apenas três resultaram na condenação de agentes policiais.
"Sem uma ação concreta para quebrar velhos padrões de abuso e garantir a responsabilização por crimes passados, as palavras têm pouca credibilidade", lamentou a vice-diretora da HRW para a Ásia, Bryony Lau.
A organização disse que Marcos Jr., que tomou posse em 30 de junho de 2022, "pouco fez para melhorar a proteção dos direitos humanos" durante o primeiro ano de mandato.
A HRW acusou as autoridades filipinas de serem responsáveis por execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias de ativistas e críticos.
O comunicado recordou que "continuam as acusações infundadas" contra a antiga senadora Leila de Lima, que permanece na prisão acusada de tráfico de droga, e contra a jornalista Maria Ressa, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2021.
"O Presidente Marcos [Jr.] precisa de fazer mais do que emitir declarações sobre a democracia e o Estado de Direito para demonstrar um compromisso genuíno com os direitos humanos", disse Lau.
A HRW disse ainda que o novo Governo "aumentou a perigosa e às vezes fatal" designação de ativistas políticos e críticos do poder como apoiantes dos rebeldes maoistas que, em 1969, iniciaram uma luta armada, que atingiu o seu pico durante a ditadura do pai do atual Presidente, Ferdinand Marcos (1972-1986).
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