Guterres "profundamente preocupado" com situação em Jenin
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse hoje estar "profundamente preocupado" com os acontecimentos em Jenin, onde uma nova operação militar israelita provocou oito mortos e mais de 50 feridos.
© RICHARD PIERRIN/AFP via Getty Images
Mundo ONU
"O secretário-geral está profundamente preocupado com os acontecimentos em Jenin. Ele afirma que todas as operações militares devem ser conduzidas com total respeito ao direito humanitário internacional", disse o vice-porta-voz de Guterres, Farhan Haq, em comunicado.
Horas antes, no seu 'briefing' diário à imprensa, Haq havia dito que a ONU estava a avaliar a situação no terreno e reiterou a necessidade de se travar a escalada do conflito.
O vice-porta-voz de Guterres considerou ainda "inaceitáveis" os ataques armados em áreas de alta densidade populacional, ações que configuram "violações do direito humanitário internacional".
Numa série de mensagens publicadas hoje na sua conta pessoal da rede social Twitter, o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, também alertou para a "perigosa escalada" das tensões na Cisjordânia ocupada e apelou à proteção da população civil, horas após o novo ataque de Israel em Jenin.
"A operação [militar israelita] surge após meses de tensões crescentes que nos recordam, mais uma vez, que a situação é extremamente volátil e imprevisível em toda a Cisjordânia ocupada", afirmou Wennesland.
O coordenador confirmou os contactos com todas as partes e explicou que tinha pedido a todas elas para abrandarem "com urgência" as tensões e garantirem o acesso humanitário e a assistência médica em Jenin, onde as forças israelitas chegaram a lançar bombardeamentos para combater a presença de grupos terroristas.
O Governo de Israel justificou o ataque "de grande intensidade" a Jenin por considerar a cidade palestiniana do norte da Cisjordânia ocupada como "um centro de terrorismo".
O argumento foi avançado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, como justificação para a vasta operação contra o campo de refugiados palestinianos em Jenin que o exército israelita está a realizar.
A ofensiva israelita, que começou por via aérea e prosseguiu por terra, deu prioridade a um centro de comando da Brigada de Jenin, que reúne todas as milícias de todas as fações para combaterem em conjunto as tropas israelitas, também utilizado como centro de observação, coordenação e planeamento, depósito de armas e explosivos e esconderijo de outros milicianos envolvidos em ataques nos últimos meses.
"Como parte de um extenso esforço antiterrorista na Judeia e Samaria [Cisjordânia], as forças de segurança atacaram um centro de operações, que servia como centro de comando operacional conjunto da Brigada Jenin no campo de refugiados de Jenin", disse um porta-voz do exército israelita ao início da manhã de hoje.
Por seu lado, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou que vários centros de saúde em Jenin foram danificados.
"As declarações das forças israelitas de que apenas estão a atacar infraestruturas militares contrastam com o que vemos: o hospital onde estamos a tratar os pacientes foi atingido por bombas de gás lacrimogéneo", disse a coordenadora dos MSF, Jovana Arsenijevic.
A organização, que criticou o facto de as ofensivas israelitas serem "cada vez mais frequentes", adiantou que as estradas que ligam ao campo de refugiados estão bloqueadas, mesmo para as ambulâncias.
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