Em entrevista à Lusa e RDP, por ocasião do final do mandato da Guiné-Bissau à frente da CEDEAO, Umaro Sissoco Embaló fez um balanço positivo da presidência da organização e adiantou que a Nigéria deverá assumir a presidência, no final da cimeira de chefes de Estado e de Governo, que se realiza no domingo, em Bissau.
"De um modo geral é complicado fazer uma autoavaliação, mas aquilo que me consta é que os meus homólogos disseram que foi um bom desempenho, sobretudo com uma dinâmica e termos participado em várias mediações de paz, que é o espírito da CEDEAO", disse.
O chefe de Estado salientou que "infelizmente" a organização não conseguiram concluir os processos de transição na Guiné-Conacri, Mali e Burkina Faso durante o seu mandato.
"De resto penso que desempenhámos a nossa presidência com grande êxito e não esqueça que é a primeira vez que um país lusófono presidiu a esta grande organização regional e isso é muito importante para a Guiné e Cabo Verde, mas também para a lusofonia", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
Questionado sobre a sua deslocação à Rússia e à Ucrânia no âmbito da presidência da CEDEAO, o Presidente guineense explicou que o espírito da organização é a "paz", referindo que decidiu ir aos dois países "manifestar que a África hoje não é só pedir, mas que também participa na busca de soluções pacíficas e de paz".
"Esta guerra acabará em cima de uma mesa e isso cada dia está a provar-se", salientou.
Sobre a integração e estabilização da sub-região, o Presidente guineense destacou que a "integração já está", referindo que a CEDEAO é a única zona de África onde as pessoas circulam sem necessitar de visto.
"Agora temos o aspeto da segurança, temos o problema dos 'jihadistas' no norte do Mali e no Burkina Faso e o Boko Haram na Nigéria e estamos a implementar uma força anti-golpe e de luta contra o terrorismo", afirmou.
Questionado sobre se a decisão definitiva de criação da força antigolpe e de luta contra o terrorismo sairá desta cimeira, Umaro Sissoco Embaló disse pensar que sim.
"Penso que sim, porque como sabem a Nigéria é um país que pode contribuir muito em termos efetivos, de logística, materiais e em termos monetários", disse.
Umaro Sissoco Embaló explicou também a razão pela qual decidiu não fazer dois anos à frente da organização sub-regional.
"Era para fazer dois anos, mas entendi que depois da derrota da maioria presidencial, não tenho condições para presidir à CEDEAO", afirmou.
"Para presidir à CEDEAO tem de haver uma sinergia, uma cumplicidade entre o Governo e o Presidente da República, porque, como sabem, é a ministra dos Negócios Estrangeiros que preside ao Conselho de Ministros, e é o ministro da Defesa e do Interior e durante a minha presidência são os meus tenentes", disse o Presidente.
"Agora que há uma outra maioria, não tenho condições, porque não haverá essa cumplicidade, haverá mais distância", salientou.
A Guiné-Bissau assumiu a presidência da CEDEAO há um ano.
Fazem parte da CEDEAO, o Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Serra Leoa, Senegal e Togo.
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