"Os Estados do comité de mediação da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento [IGAD, na sigla em inglês] - Quénia, Etiópia, Djibuti e Sudão do Sul - imploram às partes em conflito que declarem e respeitem um cessar-fogo incondicional e estabeleçam uma zona humanitária com um raio de 30 quilómetros em torno de Cartum", declarou o Presidente queniano, William Ruto, na rede social Twitter.
De acordo com Ruto, as medidas irão "abrir caminho para a criação de uma transição inclusiva" no Sudão, que irá "lançar as bases para uma paz sustentável, estável e próspera".
Além do líder queniano, a reunião em Adis Abeba contou também com a presença do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, do secretário-executivo da IGAD, Workneh Gebeyehu, do responsável de operações humanitárias das Nações Unidas, Martin Griffiths, do ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti, Mahamoud Ali Youssouf, e de representantes do Sudão do Sul e dos dois lados beligerantes do Sudão.
"A intensidade e a escala da crise humanitária é uma tragédia de partir o coração que exige um diálogo de paz ousado e inclusivo", sublinhou Ruto.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, Meles Alem, sublinhou que a reunião constituía uma demonstração do "empenhamento contínuo" da Etiópia na paz no vizinho Sudão.
Os combates entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) começaram em 15 de abril e até agora as partes beligerantes não mostraram qualquer intenção de chegar a um novo cessar-fogo.
O conflito fez, até agora, mais de 1.100 mortos, segundo o Ministério da Saúde sudanês, mas os números reais podem ser muito mais elevados, dada a violência intercomunitária desencadeada nas regiões do Darfur e do Cordofão.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 2,9 milhões de pessoas foram deslocadas, incluindo cerca de 700.000 que fugiram para países vizinhos.
A maioria das pessoas deslocadas no Sudão fugiu do estado de Cartum (67%) e do Darfur (33%) para os estados do norte do país (16%), do Rio Nilo (14%), do Darfur Ocidental (7%) e do Nilo Branco, especificou a OIM no final da semana passada, dando conta de movimentos migratórios nas fronteiras do Sudão com o Egito (40%), com o Chade (28%), com o Sudão do Sul (21%), com a Etiópia e com a República Centro-Africana (RCA).
"A alimentação, o acesso aos serviços de saúde e os artigos de primeira necessidade continuam a ser extremamente escassos", sublinhou a agência das Nações Unidas.
Leia Também: Washington envia sec. de Estado adjunta à Etiópia para discutir guerra