O exercício vai abranger diferentes partes do território, que abrigam, no total, três milhões de pessoas. A ilha tem 23 milhões de habitantes.
A polícia e os funcionários da defesa civil vão conduzir para abrigos antiaéreos todas as pessoas que estiverem nas ruas no momento do exercício, afirmou o Ministério da Defesa do território.
Num contexto de crescente intimidação militar chinesa, os planos marcam uma mudança significativa em relação a edições anteriores do chamado exercício de ataque aéreo de Wan'an, que Taiwan faz anualmente.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
No ano passado, o Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas chinesas, fez exercícios em grande escala ao redor da ilha e intensificou continuamente as patrulhas aéreas e navais nas proximidades do território.
O ministério da Defesa de Taiwan disse que 34 aeronaves militares chinesas operaram perto de Taiwan na terça-feira, entre as quais 29 cruzaram a linha mediana não oficial do Estreito de Taiwan.
No passado, o exercício de Wan'an exigia apenas que os civis ficassem em casa e o tráfego parasse por um período de 30 minutos quando as sirenes soassem.
No ano passado, as autoridades realizaram evacuações práticas pela primeira vez, mas as pessoas foram levadas para abrigos em apenas três aldeias, com uma população total de 32.000 habitantes.
"[Vamos] testar a paragem do trânsito e a retirada de pessoas para instalações reais de evacuação de defesa aérea", disse Chu Sen-tsun, funcionário da Agência de Mobilização de Defesa Total do Ministério da Defesa.
Acrescentou que o exercício visa fazer com que as pessoas "se acostumem a retirar imediatamente após o alarme soar, para que possamos consciencializar a sociedade sobre a defesa aérea".
As autoridades instruíram as pessoas a descarregar uma aplicação da polícia para localizar abrigos próximos e sugeriram que guardem um mapa que funciona sem ligação à rede, para localizá-los em caso de emergência se as comunicações forem cortadas.
Os Estados Unidos, o principal aliado de Taiwan no caso de um conflito com a China, pressionam Taipé há anos para fortalecer as suas defesas.
Os planos seguem um aumento nos gastos com a Defesa. A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, ampliou o período de serviço militar obrigatório de quatro meses para um ano e está a tornar o treino para recrutas mais rigoroso, enquanto Taipé planeia tornar as infraestruturas de telecomunicações mais resilientes.
Em entrevista à agência Lusa, o almirante Lee Hsi-ming, ex-vice-ministro da Defesa de Taiwan, defendeu a mobilização e treino da população taiwanesa, para resistir a uma "iminente" invasão chinesa através de táticas de guerra assimétrica.
"Temos que nos libertar do pensamento convencional em matéria de Defesa", frisou Lee Hsi-ming, defendendo o fornecimento de drones ("veículos aéreos não tripulados"), foguetes antitanque, granadas e outras armas pequenas à sociedade de Taiwan, junto com treino militar, para resistir a uma potencial ofensiva por parte da China.
Capacidades de combate assimétrico incluem o uso de sistemas de armas menores ou não convencionais, que são estrategicamente implantadas contra um inimigo muito maior. Este modelo tem sido usado na resistência e contraofensivas da Ucrânia na guerra com a Rússia.
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