"Nem todas as pontes são civis por definição. Esta ponte em particular, primeiro, foi construída ilegalmente, existe fora da lei e é necessário lembrar isso. E segundo, é utilizada principalmente para fins militares e precisamos de a tratar como tal", destacou Kuleba, em declarações aos jornalistas na sede da ONU.
O governante enfatizou que "a ponte é utilizada principalmente para abastecer o Exército russo na Crimeia ocupada e no sul da Ucrânia com munições, combustível e outros equipamentos militares necessários para o Exército russo continuar a sua guerra de agressão".
O ministro ucraniano, no entanto, evitou confirmar se o seu país foi o responsável pelo atentado desta segunda-feira, argumentando que por estar em viagem a Nova Iorque não tem acesso a informação confidencial.
Este é o segundo ataque contra a ponte da Crimeia, inaugurada em maio de 2018 e que é composta por uma estrutura dupla, automóvel e ferroviária, sendo que Moscovo atribuiu a Kiev a responsabilidade pela ofensiva
Em outubro do ano passado, um camião carregado de explosivos explodiu na ponte de 19 quilómetros, considerada a mais longa da Europa, num ataque em que cinco pessoas morreram.
Esta segunda-feira, o ataque resultou em duas mortes e o Serviço de Segurança ucraniano reivindicou indiretamente a responsabilidade, afirmando que dará "todos os detalhes sobre a organização" do ataque após a vitória do país sobre a Rússia, e readaptando um poema numa referência à ponte, à semelhança do que fez em outubro após o primeiro ataque.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que Moscovo irá reagir ao "ataque terrorista do regime de Kyiv" e anunciou que o Ministério da Defesa está a preparar as reações.
Segundo Putin, este foi um "crime sem sentido" do ponto de vista militar, já que a ponte da Crimeia "há muito tempo não é utilizada" para o transporte de tropas e material.
De acordo com o vice-primeiro-ministro russo, Marat Khousnullin, as estruturas de suporte da Ponte da Crimeia não foram danificadas pela explosão, o que Putin classificou como "boas notícias".
Khousnoullin prometeu a reabertura total do tráfego rodoviário na ponte até 01 de novembro.
As autoridades russas recomendaram esta segunda-feira aos turistas russos retidos na Crimeia, após o ataque à ponte, que regressem às suas casas através dos territórios ucranianos ocupados pelas forças de Moscovo.
Os voos comerciais entre Moscovo e a Crimeia foram suspensos após o início da ofensiva russa na Ucrânia, e a maioria dos turistas russos viaja para a península de carro, utilizando a parte da ponte reservada ao tráfego rodoviário.
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