Pessoal diplomático dinamarquês abandonou Iraque após queima de Corão

A Dinamarca retirou sábado o pessoal diplomático em Bagdade, 24 horas após funcionários diplomáticos suecos terem também sido repatriados e o edifício da representação da Suécia na capital árabe ter sido incendiado por manifestantes, indicou fonte oficial iraquiana.

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© Hakan Akgun/ dia images via Getty Images

Lusa
24/07/2023 16:53 ‧ 24/07/2023 por Lusa

Mundo

Bagdade

"O pessoal diplomático da missão dinamarquesa em Bagdade deixou o território iraquiano há dois dias [sábado]", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano, Ahmed al-Sahaf, numa declaração publicada na rede social Twitter.

Os incidentes ocorreram depois de, na semana passada, vários ativistas terem queimado exemplares do Corão em frente às embaixadas iraquianas na Dinamarca e na Suécia, provocando protestos.

O porta-voz não esclareceu se a missão dinamarquesa deixou o Iraque por própria iniciativa para evitar distúrbios ou se o governo iraquiano ordenou a expulsão dos diplomatas, como fez com o embaixador sueco em Bagdade, em resposta à queima do livro sagrado muçulmano em Estocolmo.

No sábado, centenas de iraquianos seguidores do influente clérigo xiita Muqtada al-Sadr tentaram invadir a legação dinamarquesa em Bagdade pelo mesmo motivo, mas as forças de segurança impediram-nos.

Al-Sahaf emitiu a declaração pouco depois de os meios de comunicação social iraquianos e árabes terem noticiado que um pequeno grupo de pessoas tinha queimado há uma semana um exemplar do Corão no exterior da embaixada iraquiana em Estocolmo, o que levou a uma nova condenação por parte do governo árabe.

A nova queima dos exemplares do Corão surgiu pouco depois de o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Shia al-Sudani, se ter reunido com os embaixadores e representantes da União Europeia (UE) no Iraque para transmitir a "rejeição ao discurso de ódio e do extremismo, em particular das práticas que ofendem a santidade e a crença", segundo um comunicado do Governo iraquiano.

A este respeito, al-Sudani assegurou o "empenho em salvaguardar a segurança de todas as missões diplomáticas em Bagdade".

Na quinta-feira passada, após a queima de um exemplar do Corão na Suécia, centenas de iraquianos invadiram a embaixada sueca em Bagdade e incendiaram-na, obrigando a legação diplomática a abandonar o país, apesar de o próprio Governo iraquiano já ter ordenado a expulsão do embaixador sueco no Iraque e o regresso do encarregado de negócios em Estocolmo.

Na sequência de um ato semelhante na Dinamarca, centenas de pessoas tentaram invadir sábado a embaixada dinamarquesa em Bagdade, enquanto um grupo de iraquianos incendiou também a sede da organização não-governamental dinamarquesa Danish Refugee Council na província meridional de Basra.

As relações entre o Iraque e estes dois países europeus foram fortemente abaladas após a queima do Corão, que levou o governo iraquiano a ameaçar cortar relações e suspender contratos com grandes empresas suecas e dinamarquesas que operam no Iraque.

Leia Também: Países islâmicos marcam reunião de urgência depois de profanação do Corão

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