"Agradeço ao povo italiano, agradeço-vos por apoiarem a Ucrânia. O vosso apoio faz uma grande diferença", disse o Presidente dos EUA, Joe Biden, aos meios de comunicação social no início da sua reunião com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, na Sala Oval da Casa Branca.
Biden agradeceu a Meloni pelo seu "forte apoio" ao Governo ucraniano e por denunciar as "atrocidades" que a Rússia cometeu na Ucrânia desde o início da invasão em fevereiro de 2022.
Em resposta, Meloni disse estar "orgulhoso" do papel da Itália na guerra na Ucrânia e sublinhou que o país o fez porque "apoiar a Ucrânia significa defender a coexistência pacífica dos povos e dos Estados".
"Embora alguns afirmem que apoiar a Ucrânia nos aproxima de uma nova guerra mundial, isso não é verdade. Aqueles que acreditam na paz devem ser os primeiros a apoiar a causa ucraniana", sublinhou a primeira-ministra italiana.
Os dois líderes mantiveram boas relações em frente às câmaras, com Biden a dizer que os dois se tornaram "amigos".
O Governo italiano promoveu a visita como uma oportunidade para aumentar o perfil internacional de Meloni, enquanto a Casa Branca evitou comentar a ideologia ultraconservadora da primeira-ministra, que tem fortes diferenças com Biden sobre os direitos LGTBIQ+ e o direito ao aborto.
Perante os meios de comunicação social, os dois líderes afirmaram que a reunião se centraria na Ucrânia, na imigração de África para Itália, na presidência rotativa italiana do G7 em 2024 e na forma de melhorar as relações comerciais bilaterais.
"Vamos falar sobre como aprofundar a nossa crescente ligação económica, que impulsionou mais de 100.000 milhões de dólares (cerca de 91.082 milhões de euros) em trocas comerciais no ano passado. Na minha opinião, não há nenhuma razão para que isso não possa aumentar", disse Biden no início da reunião.
Os dois, no entanto, não fizeram nenhum comentário público sobre a participação da Itália no projeto de macro-infraestrutura da China, conhecido como a Nova Rota da Seda, ao qual a Itália aderiu em março de 2019 sob o Governo do então primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte (2018-2021).
O resumo da Casa Branca sobre a reunião mencionou apenas que os Estados Unidos se congratulam com o aumento da presença da Itália no Indo-Pacífico e que os dois países se comprometeram a reforçar as consultas bilaterais e multilaterais sobre "as oportunidades e os desafios que a China e a Itália enfrentam no Indo-Pacífico".
Meloni ainda não anunciou se vai renovar o acordo com a China, que expira em março de 2024, por mais cinco anos. No entanto, o fim da aliança poderia desencadear uma retaliação comercial por parte do gigante asiático, numa altura em que a Itália não se pode dar ao luxo de sofrer contratempos económicos.
A Itália tem sido pressionada a sair do acordo tanto pelos Estados Unidos, que veem a China como o seu maior concorrente, como pela União Europeia (UE), que está a tentar reduzir a sua dependência da China em vários setores estratégicos, incluindo a tecnologia.
O "comércio livre e justo", segundo a Casa Branca, continua a ser "um instrumento fundamental" para promover um crescimento equilibrado da economia mundial e beneficiar as pessoas.
Da reunião resultou também a intenção de reforçar a cooperação espacial com a criação de um novo espaço de diálogo que promova a colaboração industrial, a vontade de reforçar a cooperação judicial e a intenção de reforçar o trabalho conjunto em matéria de Inteligência Artificial (IA) e cibersegurança.
Meloni é o último dos líderes do G7 a reunir-se com Biden na Casa Branca. AO prime
A primeira-ministra e o Presidente dos EUA reuniram-se em vários fóruns internacionais, como a cimeira da NATO em Vilnius, em julho, e a cimeira do G7 em Hiroshima, em maio, embora o seu único encontro bilateral tenha sido em novembro do ano passado, à margem da cimeira do G20 em Bali.
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