Níger. UE condena detenção de ministros por golpistas
A União Europeia (UE) condenou na segunda-feira a detenção, pela recém-formada junta militar, de ministros do governo derrubado por um golpe no Níger, exigindo a sua libertação imediata.
© Getty Images
Mundo Josep Borrell
"A UE denuncia as contínuas detenções de ministros e altos funcionários do governo do Presidente Mohamed Bazoum pelos golpistas no Níger", destacou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter.
"Pedimos a sua libertação imediata", acrescentou.
O partido do ex-presidente Mohamed Bazoum alertou que o país da África Ocidental corre o risco de se tornar um "regime ditatorial e totalitário" após uma série de detenções.
O Partido para a Democracia e Socialismo do Níger denunciou as "prisões abusivas" de quatro ministros - Interior, Petróleos, Minas e Transportes - bem como do chefe da sua comissão executiva nacional.
A UE condenou o golpe no Níger, país que considera um baluarte essencial da estabilidade na volátil região do Sahel, tendo suspendido a sua ajuda orçamental a Niamey e alertado que poderia impor novas sanções após esse golpe.
Um golpe de Estado no Níger, liderado pelo general Abdourahamane Tchiani, derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, na passada quarta-feira.
Tchiani justificou o golpe de Estado com a "deterioração da situação de segurança" num país assolado pela violência dos grupos fundamentalistas islâmicos.
No domingo, os líderes da Cedeao (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) estabeleceram um ultimato de uma semana à junta militar no Níger para um "retorno total à ordem constitucional", dizendo que não descartam o "uso da força", e decidiram "suspender todas as transações comerciais e financeiras" entre os estados membros e o Níger e congelar os bens dos militares envolvidos no golpe.
A junta militar que governa a Guiné-Conacri alertou na segunda-feira que uma intervenção militar contra o Níger levará à "rotura de facto" da Cedeao, salientando que "as medidas sancionatórias preconizadas pela Cedeao, incluindo a intervenção militar, são uma opção que não seria uma solução para o problema atual".
"Isso causaria um desastre humano cujas consequências poderiam ultrapassar as fronteiras do Níger", destacou.
A Guiné-Conacri referiu ainda que tem a convicção de que as novas autoridades que lideram o Níger farão "todo o possível para garantir a estabilidade e a harmonia" naquele país e na região.
Os governos do Burkina Faso e Mali sublinharam também na segunda-feira que uma intervenção militar no Níger para restaurar o Presidente eleito Mohamed Bazoum, derrubado por um golpe, seria considerada "uma declaração de guerra" contra os seus países.
Os dois governos, nascidos de golpes de Estado, advertiram que "qualquer intervenção militar contra o Níger conduziria à retirada do Burkina Faso e do Mali da Cedeao bem como à adoção de medidas de autodefesa em apoio às forças armadas e ao povo do Níger".
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