"Toda a gente fala da falta de pessoal na Bundeswehr [Forças Armadas] (...) este ano, temos menos 7% de candidatos do que no ano passado", disse Boris Pistorius numa conferência de imprensa num centro de recrutamento do exército em Estugarda (oeste).
Durante a formação dos candidatos, "temos uma taxa de desistência de 30%", afirmou, citado pela agência francesa AFP.
Após várias décadas de subinvestimento, o chanceler Olaf Scholz criou um fundo especial de 100 mil milhões de euros, alguns dias após o início da guerra na Ucrânia, em 24 fevereiro de 2022, para modernizar o exército alemão.
Além da falta de equipamento, o exército não atrai candidatos suficientes, num país envelhecido em que a falta de mão-de-obra afeta todos os setores.
"Até 2050, haverá menos 12% de pessoas na faixa etária dos 15 aos 24 anos (...) É o número de trabalhadores a menos de que precisamos" nas forças armadas, disse Pistorius.
O ministro referiu-se igualmente à falta de mulheres, que representam 10% da mão-de-obra, excluindo as profissões de cuidados de saúde, e de "pessoas oriundas da imigração", duas categorias que estão sub-representadas nas tropas.
Entre as causas da falta de atratividade das carreiras, "a questão do equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada é decisiva" para as gerações mais jovens, observou.
"Temos de lhes dizer como conciliar a família e o serviço", disse Pistorius, apelando também para campanhas de recrutamento realistas e não "pequenos filmes do género Missão Impossível (...) como em Hollywood".
De acordo com um documento interno do Ministério do Interior citado pela revista alemã Der Spiegel, a falta de candidaturas no exército pode "dificultar a manutenção de um elevado nível de seleção de pessoal".
As Forças Armadas alemãs têm como objetivo aumentar o número de soldados para 203.000 até 2031, em comparação com os cerca de 180.000 atuais, um objetivo que Pistorius reconheceu poder ser difícil de alcançar.
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