"[Até ao momento] foram recuperados quatro corpos, dois migrantes com vida e 51 estão desaparecidos", disse Faouzi Masmoudi, porta-voz do tribunal de Sfax (centro-leste da Tunísia) à agência noticiosa France-Presse (AFP).
Segundo os dois sobreviventes, a bordo de uma embarcação improvisada, que partiu de uma praia a norte de Sfax, em frente às ilhas Kerkennah, seguiam 57 migrantes.
Este incidente não está relacionado com outros dois naufrágios que, no fim de semana, causaram a morte a pelo menos 30 pessoas perto da ilha de Lampedusa, em Itália, situada a cerca de 130 quilómetros de Sfax.
Masmoudi adiantou que a guarda costeira continua a procurar possíveis sobreviventes e que, paralelamente, a corporação está também a tentar descobrir "se houve outros naufrágios na área", na sequência da descoberta, entre sexta-feira e domingo, de "12 corpos nas praias" a norte de Sfax.
O porta-voz sublinhou não haver forma de saber se os corpos podem ser provenientes do naufrágio perto das ilhas Kerkennah.
Entre 01 de janeiro e 20 de julho deste ano foram recuperados 901 corpos de migrantes nas águas ao largo da Tunísia, a maioria deles provenientes da África subsariana.
Segundo as mais recentes estatísticas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), desde o início de 2023, mais de 87.000 migrantes desembarcaram ilegalmente em Itália, principalmente em embarcações provenientes da Tunísia, tendo muitos outros chegado a solo italiano a partir da Líbia.
O Mediterrâneo Central, entre o norte de África e Itália, é a rota migratória mais perigosa do mundo, com mais de 20.000 mortes desde 2014, de acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A partida de migrantes da África subsariana acelerou depois de, a 21 de fevereiro deste ano, o Presidente tunisino, Kais Saied, ter feito um discurso em que denunciou a chegada de "hordas de migrantes" que, argumentou, vinham "alterar a composição demográfica" do país.
Após a morte, a 03 de julho, de um tunisino numa rixa entre migrantes e habitantes locais, centenas de cidadãos africanos foram expulsos de Sfax. Muitos decidiram tentar a perigosa travessia da rota do Mediterrâneo Central.
Por outro lado, e também como consequência, pelo menos 2.000 africanos, segundo novos dados fornecidos por uma fonte humanitária à AFP, foram levados pela polícia tunisina para as fronteiras com a Líbia e a Argélia e abandonados em zonas de deserto.
Pelo menos 25 pessoas morreram no deserto tunisino-líbio desde o início de julho, segundo os últimos dados de fontes humanitárias.
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