O conselheiro de segurança da Presidência lituana, Darius Urbonas, explicou na radiotelevisão pública LRT que o país planeia encerrar dois postos fronteiriços para libertar recursos que serão usados nos restantes quatro.
Desta forma, serão resolvidos "certos problemas de organização", referiu, citado pela agência espanhola EFE.
"Se estes pontos forem encerrados, poderemos direcionar as capacidades que temos para outros locais, reforçando a proteção da nossa fronteira externa", afirmou.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a possibilidade de fechar a fronteira com a Bielorrússia tem estado na agenda do Governo lituano, tendo em conta a cooperação entre Minsk e Moscovo.
A questão foi discutida na semana passada pelo Presidente lituano, Gitanas Nauseda, e o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki.
A reunião foi convocada de urgência devido às "atividades do Grupo Wagner e outras ações de guerra híbrida", disse o gabinete de Morawiecki na quinta-feira.
Os dois dirigentes consideraram que a presença dos mercenários do grupo russo na Bielorrússia constitui, por si só, um aumento da tensão no flanco oriental da NATO, a que pertencem a Polónia e os Estados do Báltico.
O primeiro-ministro polaco admitiu na altura que o Grupo Wagner poderá "realizar ações de sabotagem" na Polónia, enquanto o líder lituano disse que poderão já estar na Bielorrússia mais de quatro mil mercenários do grupo russo.
O Grupo Wagner deslocou efetivos para a Bielorrússia, país que apoia Moscovo na guerra contra Kiev, depois de uma revolta contra as chefias militares russas em junho contra um alegado boicote ao seu envolvimento nos combates na Ucrânia.
Urbonas disse hoje à LRT que o encerramento total da fronteira foi uma das soluções possíveis que o Presidente da Lituânia colocou em cima da mesa durante a reunião, embora tenha ressalvado que "seria uma solução extrema".
Além de membros da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte), Lituânia, Letónia e Polónia pertencem à União Europeia (UE).
As fronteiras da UE com a Bielorrússia têm sido palco de uma crise migratória desde maio de 2021, quando a Lituânia deu conta de um aumento significativo das tentativas ilegais de entrada no país.
Lituânia, Letónia e Polónia acusaram a Bielorrússia de patrocinar a entrada ilegal na UE de migrantes iraquianos, sírios e do norte de África como retaliação às sanções impostas após a violência pós-eleitoral de 2020.
Hoje mesmo, a Letónia denunciou as autoridades bielorrussas por terem facilitado a entrada ilegal de vários migrantes no seu território no domingo.
Segundo o portal de notícias báltico Delfi, os guardas fronteiriços bielorrussos quebraram uma secção da vedação para que os migrantes pudessem atravessar e depois repararam-na para os impedir de regressar.
Os migrantes foram detidos e devolvidos pelas autoridades letãs à Bielorrússia, ao abrigo do decreto de emergência aprovado pelo Governo de Riga em agosto de 2021 para lidar com a crise migratória.
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