A informação à qual se pretende aceder inclui o papel dos EUA no golpe de Estado que conduziu a uma ditadura sangrenta, de 1973 a 1990, liderada pelo general Augusto Pinochet Ugarte.
"É necessário sublinhar que dizer que os EUA agiram para derrubar o presidente Salvador Allende não é uma opinião ou um juízo de valor, mas uma constatação da realidade e, graças ao trabalho de pessoas como Peter Kornbluh, conhecemos mais da nossa história", expressou o grupo de deputados que promoveu a medida, militantes do partido Convergência Social (CS).
Os parlamentares, que avançaram com a proposta na tarde de quinta-feira, aludiram ao diretor do Projeto de Documentação sobre o Chile do Arquivo de Segurança Nacional, o norte-americano Peter Kornbluh, que publicou recentemente a primeira versão chilena de 'Pinochet Desclassificado'.
O livro, uma completa investigação que analisa o papel de Washington na definição do destino do Chile, inclui documentos inéditos que revelam, entre outros pontos, a reunião secreta que o magnata dos meios de comunicação chileno Agustín Edwards com Richard Nixon, realizada seis horas antes deste ordenar à CIA que desestabilizasse o governo de Allende.
"Além da opinião política que diversos setores políticos possam ter sobre o governo da Unidade Popular, o golpe de Estado e a ditadura, parece que tem toda a lógica que esta Câmara de representação popular solicite que o povo do Chile conheça a verdade sobre a intervenção de uma potência estrangeira na nossa soberania", acrescentaram os congressistas.
A iniciativa foi aprovada quase por unanimidade no Congresso, com 125 votos a favor e dois votos contra, provenientes da extrema-direita.
Ainda hoje, existem 1.159 vítimas desaparecidas.
A ditadura no Chile durou 17 anos e causou mais de 40 mil vítimas, entre assassinados, detidos desaparecidos, presos políticos e torturados, segundo a comissão oficial que reuniu testemunhos de vítimas e familiares. Mais de 3.200 chilenos foram mortos por agentes do Estado.
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