Haiti. Milhares de pessoas fogem de bairro da capital atacado por gangue

Milhares de moradores carregados com sacolas e malas fugiram na terça-feira a pé, em motocicletas ou amontoados em automóveis, de um bairro da capital do Haiti, Porto Príncipe, atacado por um grupo de crime organizado.

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Lusa
16/08/2023 06:24 ‧ 16/08/2023 por Lusa

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Ataque

"Vivemos uma situação extremamente difícil. Não sei nem para onde ir. Tive de fugir de casa", disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Elie Derisca, morador do bairro Carrefour-Feuilles, no sul da capital do Haiti.

De acordo com moradores e agentes policiais, o bairro está a ser atacado por um grupo de crime organizado liderado por Renel Destina -- também conhecido como Ti Lapli e procurado pela Polícia Federal dos Estados Unidos (FBI, na sigla em inglês).

"Eles saquearam e queimaram casas" e "causaram várias mortes", disse Derisca. "As autoridades não fizeram nada para vir em nosso socorro", lamentou o morador, acrescentando que membros do grupo ocuparam algumas casas.

As autoridades haitianas tinham confirmado na segunda-feira que casas foram incendiadas no bairro e que tinham também recebido relatórios sobre mortes, que não puderam ser verificadas até ao momento.

Pelo menos 3.120 pessoas fugiram do bairro Carrefour-Feuilles, de acordo com um relatório provisório do departamento de proteção civil do Haiti. Este número pode continuar a subir, disse uma fonte da instituição à AFP.

Na segunda-feira, muitos moradores do bairro manifestaram-se contra a insegurança e a Polícia Nacional do Haiti interveio para restaurar a ordem na área.

Num comunicado, a polícia prometeu "continuar a mobilizar todos os meios para afastar os bandidos que querem semear problemas nas comunidades".

O Haiti está a enfrentar uma grave crise humanitária, política, judicial e de segurança, segundo um relatório divulgado na segunda-feira pela Human Rights Watch, referindo que o país necessita de proteger os direitos humanos.

Cerca de 150 grupos criminosos operam em Porto Príncipe e na sua região metropolitana, muitos deles sob duas das principais alianças criminosas, a federação G-Pèp e a aliança G9, disse a organização não-governamental.

Nos próximos dias, o secretário-geral da ONU, António Guterres, deverá apresentar ao Conselho de Segurança opções para o envio de uma força internacional para ajudar a restaurar a segurança no Haiti.

A iniciativa surgiu em resposta a um apelo do primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, que lidera o país desde o assassínio em julho de 2021 do então Presidente, Jovenel Moise.

A ONU estimou que grupos criminosos no Haiti mataram mais de duas mil pessoas na primeira metade de 2023, sequestraram mais de mil e usaram violência sexual para aterrorizar a população.

As Nações Unidas acreditam que quase 60% da população haitiana de 11,5 milhões de pessoas vive abaixo da linha da pobreza. Quase 195 mil pessoas foram deslocadas internamente devido à violência desde 2022 e dezenas de milhares tentaram fugir do país.

Leia Também: Haiti enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança

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