"O objetivo da nossa reunião não é simplesmente reagir aos acontecimentos, mas traçar proativamente um caminho que conduza à paz e apoie a estabilidade", disse o chefe do Estado-Maior nigeriano, general Christopher Gwabin Musa, na abertura dos trabalhos dos chefes militares dos países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
"A junta [militar do Níger] está a brincar ao gato e ao rato com a CEDEAO. Devem lembrar-se que desobedeceram à Constituição do seu país, bem como aos instrumentos da CEDEAO, especialmente o Protocolo sobre a Boa Governação, que fala de tolerância zero para golpes militares", afirmou o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança do bloco, Abdel-Fatau Musah, no início da reunião.
A reunião em Acra surge depois de os chefes de Estado e de Governo do bloco de 15 nações da CEDEAO terem ordenado há uma semana a "ativação" da "força de reserva" da organização, embora tenham também garantido que continuariam a apoiar o diálogo para resolver a crise.
"A nossa sub-região enfrenta novamente crises que pensávamos terem desaparecido (...). A sub-região está a atravessar um dos seus piores momentos quando (...), recentemente, o flagelo dos grupos armados e dos grupos terroristas violentos atingiu a África Ocidental", referiu o ministro da Defesa do Gana, Dominic Nitiwul.
Os chefes de Estado-Maior da Nigéria, do Gana, da Costa do Marfim, do Senegal, do Togo, do Benim, da Serra Leoa, da Libéria e da Gâmbia participam na reunião, enquanto os seus homólogos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau estão ausentes.
O Níger não está representado, nem o Burkina Faso, o Mali ou a Guiné-Conacri, países onde também ocorreram golpes de Estado entre 2020 e 2022 e que manifestaram a sua rejeição do uso da força.
Esta é a segunda reunião deste tipo desde o golpe de Estado, depois de os líderes militares se terem reunido no início de agosto em Abuja, a capital nigeriana e sede do bloco regional, onde começaram a elaborar um plano para uma eventual intervenção para "restabelecer a ordem constitucional" no Níger.
Uma eventual ação militar está a dividir os países da região, com os governos da Nigéria, do Benim, da Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem claramente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir no Níger.
Em contrapartida, o Mali e o Burkina Faso -- países também liderados por juntas militares - opõem-se ao uso da força, enquanto a Guiné-Conacri, a Argélia, o Chade e Cabo Verde manifestaram igualmente a sua rejeição e preferência pelo diálogo.
Até agora, a junta militar golpista de Niamey ignorou as ameaças e, além de nomear um novo primeiro-ministro, formar um governo de transição, reforçar o seu aparelho militar e fechar o espaço aéreo, avisou que o uso da força terá uma resposta "imediata" e "enérgica".
O golpe de Estado no Níger foi liderado em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente, Mohamed Bazoum, e a suspensão da Constituição.
O Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental a ser governado por uma junta militar.
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