O líder da república russa da Chechénia, Ramzan Kadyrov, lamentou, na noite de quinta-feira, a morte do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, que descreveu como "uma grande perda" para a Rússia, mas que "recentemente não viu ou não quis ver o quadro completo do que está a acontecer no país".
"Somos amigos há muito tempo", começou por referir Kadyrov, na plataforma Telegram, acrescentando que juntos tiveram de "resolver os problemas mais difíceis".
Na ótica do checheno, Prigozhin "distinguia-se dos demais pela capacidade de resposta, sociabilidade única e perseverança".
"Podíamos discutir qualquer assunto ou problema. Ele estava sempre pronto para ajudar e realmente ajudou do fundo do coração", lamentou.
No entanto, apesar de reconhecer que a alegada morte "é uma grande perda para todo o Estado", Kadyrov considerou que Prigozhin "recentemente não viu ou não quis ver o quadro completo do que está a acontecer no país".
"Pedi-lhe que abandonasse as ambições pessoais em prol de assuntos de suma importância nacional. Tudo o resto poderia ser decidido mais tarde. Mas ele era assim, com o seu caráter e desejo de atingir os seus objetivos aqui e agora", escreveu no Telegram, acrescentando que o empresário russo "deu uma grande contribuição" ao país e "esse mérito não lhe pode ser tirado".
Yevgeny Prigozhin, de 62 anos, estaria na lista de passageiros de um avião do Grupo Wagner que caiu na quarta-feira, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, e levou à morte de todas as 10 pessoas a bordo, segundo as autoridades russas.
A alegada morte aconteceu dois meses após o líder do grupo de mercenários ter levado a cabo uma rebelião falhada contra o Kremlin, especificamente o Ministério da Defesa. Após a investida, que durou cerca de 24 horas e terminou com um acordo, Prigozhin passou a residir na Bielorrússia.
As autoridades russas até agora não avançaram quaisquer causas que expliquem a queda do jato privado Embraer Legacy que, segundo as autoridades de aviação civil russas, além de Prigozhin, transportava outros responsáveis do grupo Wagner, incluindo o fundador Dmitri Utkin.
Na quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, enviou condolências às pessoas próximas do líder do Grupo Wagner e dos outros ocupantes do avião, e prometeu um inquérito "até ao fim".
Na sua primeira reação após a queda do jato privado, Putin referiu-se a Prigozhin como um homem "talentoso" e "com um destino complicado, que cometeu erros graves na vida, mas que obteve os resultados que precisava".
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