Em causa está uma alegada conversa entre Ossa e Alexandre Barro Chambrier, um dos principais líderes da oposição, que foi gravada sem o seu conhecimento. O principal opositor do Presidente gabonês disse querer acabar com a "dinastia Bongo", que a oposição acusa de má governação e de liderar um país atormentado pela "corrupção".
"Estes maquinadores (...) que me dão lições e que, durante mais de 30 anos, foram alimentados pelo nosso país e pelo Estado (...) gostariam agora (...) de destruir este país? Não, não e não. Não é não! Não deixaremos que isso aconteça", vincou Ali Bongo, referindo-se à gravação, que é objeto de uma investigação judicial.
Para o atual Presidente, os dois opositores apelam à violência para tomar o poder e ao apoio de "exércitos estrangeiros", prometendo agir judicialmente contra os dois adversários.
O seu principal rival, Albert Ondo Ossa, de 69 anos, foi escolhido muito tardiamente pelos principais partidos da oposição e é ainda pouco conhecido junto dos eleitores, tendo apenas realizado seis dias de campanha, mas conseguindo atrair grandes multidões.
"Não sou um homem de desordem", disse Ossa, repetindo que "60 anos no poder para a mesma família é demasiado tempo", perante uma possível reeleição de Bongo. O economista garantiu também que o Presidente "pode partir em paz" e que não haverá "caça às bruxas", antecipando uma "mudança com zero mortes".
Eleito em 2009, após a morte do seu pai, Omar Bongo Ondimba, que governou o país durante mais de 41 anos, Ali Bongo aspira a um terceiro mandato como chefe de Estado, contando com a oposição de mais 13 candidatos à presidência.
As eleições presidenciais do Gabão, que se vão realizar sem observadores internacionais, decorrem em simultâneo este sábado com o voto para as legislativas e municipais, para as quais estão registados cerca de 850.000 eleitores.
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