A demissão acontece após a sua suspensão, anunciada no domingo no seguimento de um encontro com o ministro israelita Eli Cohen, numa reunião "sem precedentes" em Roma na semana passada.
A Líbia não reconhece Israel e opõe-se a qualquer normalização com este país.
Segundo a agência de notícias turca Anadolu, citando "fontes de segurança" anónimas, um avião do governo líbio transportou a ministra de Tripoli para Istambul durante a noite de domingo para hoje.
O Órgão de Segurança (OSI) do aeroporto de Mitiga, o único em funcionamento em Tripoli, negou ter autorizado a sua saída para o estrangeiro, "seja pelo terminal comum ou de altas personalidades".
"As câmaras de vigilância vão provar" que ela não saiu por este aeroporto, segundo o OSI.
Segundo vários especialistas sobre a Líbia citados pela France Presse, o primeiro-ministro, Abdelhamid Dbeibah, à frente de um governo constituído no âmbito de um processo de paz patrocinado pela ONU, deu o seu acordo para a reunião.
Um responsável israelita afirmou hoje à Efe que o encontro entre o ministro dos Negócios Estrangeiros de Telavive, Eli Cohen, e a agora ex-chefe da diplomacia líbia, Najla Mangush, teve lugar na passada quarta-feira em Roma e foi "previamente acordado".
"A reunião foi coordenada diretamente com Mangush", disse o responsável israelita, que se recusou a responder sobre os protestos que eclodiram no domingo à noite em diferentes cidades da Líbia.
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Líbia declarou que se tratou de uma reunião "acidental e não oficial" e que a reunião estava a ser instrumentalizada, mas Mangush foi finalmente demitida hoje pelo primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional (GUN) e pelo Conselho Líbio.
Em comunicado, a diplomacia israelita celebrou o "encontro histórico" entre os dois ministros e sublinhou que teve como objetivo examinar as possibilidades de cooperação e relações entre os países, bem como a preservação da herança judaica na Líbia.
"Agradeço ao ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, por acolher esta reunião histórica em Roma", disse Cohen, segundo o comunicado, que enquadrou a reunião da passada quarta-feira nas tentativas israelitas de estabelecer laços diplomáticos com mais países da região, após a normalização das relações com Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.
Depois dos protestos da noite passada na Líbia e da destituição de Mangush, o líder da oposição israelita, o ex-primeiro-ministro Yair Lapid, criticou o Governo por ter tomado pública a reunião em Itália e alertou que este facto prejudica a confiança de outros países em Israel.
Há um ano que dois governos disputam o poder na Líbia, o de Dbeibah, no Ocidente, e o do Leste, apoiado pelo marechal Khalifa Haftar.
Protestos eclodiram em Trípoli e em várias cidades no domingo e a casa do primeiro-ministro foi atacada. Grupos de jovens cortaram estradas, queimaram pneus e agitaram a bandeira palestiniana.
Na Líbia, qualquer relação com Israel, os seus órgãos nacionais ou qualquer entidade que o represente é passível de processo criminal com pena de prisão de três a dez anos, ao abrigo de uma lei que data de 1957.
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