A HRW afirmou que o Tribunal Penal Especializado saudita condenou Mohamed al-Ghamdi, um professor reformado de 54 anos, por vários crimes relacionados com a divulgação das suas opiniões na internet e utilizou como "provas" as suas publicações na rede social X (ex-Twitter) e no YouTube.
"A repressão na Arábia Saudita atingiu uma nova fase aterradora, na qual um tribunal pode condenar alguém a pena de morte apenas por fazer publicações pacíficas", disse Joey Shea, investigador para a Arábia Saudita da HRW.
Além disso, garantiu que "as autoridades sauditas intensificaram a sua campanha "contra todas as dissidências a níveis surpreendentes" e que deveriam rejeitar esta "farsa de justiça".
De acordo com documentos judiciais analisados pela ONG, o tribunal condenou Al-Ghamdi à morte ao abrigo da lei antiterrorismo por "retratar o rei ou o príncipe herdeiro de uma forma que prejudica a religião e a justiça", por apoiar uma entidade que prega a ideologia terrorista e pela publicação de "notícias falsas".
A Saudi court has sentenced a man to death based solely on his Twitter& YouTube activity.
— Joey Shea (@joey_shea) August 29, 2023
Repression has reached a terrifying new stage when a court can hand down the death penalty for nothing more than tweets. Saudi authorities should quash the verdict.https://t.co/jUYep3vrei
As forças de segurança detiveram Al-Ghamdi em 11 de junho de 2022, à porta da sua casa, no bairro de al-Nouriyah, na região de Meca, e um mês depois foi condenado à morte por um tribunal.
O irmão de Al-Ghamdi, Saed bin Naser al-Ghamdi, é um conhecido estudioso islâmico e oponente do Governo que vive exilado no Reino Unido.
Numa postagem na rede social X em 24 de agosto, Saed classificou a condenação de uma "decisão falsa", que visa agredi-lo pessoalmente, após tentativas frustradas de extraditá-lo para a Arábia Saudita.
No mês passado, as autoridades sauditas executaram um cidadão condenado à morte por acusações "relacionadas com o terrorismo" em Meca, elevando para 67 o número de prisioneiros executados no reino árabe este ano, de acordo com o levantamento realizado pela ONG saudita ALQST.
Várias organizações de direitos humanos, como a Amnistia Internacional (AI), denunciaram que a taxa de execução na Arábia Saudita quase duplicou desde que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman chegou ao poder, há sete anos, período durante o qual a pena de morte foi aplicada a mais de mil pessoas.
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