O novo homem forte do Níger, o general Abdourahamane Tiani, apelou a "um período de transição com uma duração máxima de três anos", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros argelino, Ahmed Attaf, numa conferência de imprensa em Argel.
"Mas, na nossa opinião, o processo pode ser concluído em seis meses, para que o (atual) golpe de Estado não se torne um 'facto consumado'", acrescentou.
Attaf acaba de regressar de um périplo por três países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO): Nigéria, Benim e Gana.
O número dois do seu ministério, Lounes Magramane, esteve, por seu lado, em Niamey, onde manteve conversações com o primeiro-ministro, Ali Mahaman Lamine Zeine.
Magramane não se encontrou com o Presidente deposto, Mohamed Bazoum, precisou Attaf.
O chefe da diplomacia não especificou se Bazoum faria ou não parte do plano de transição proposto pela Argélia.
Argel propõe discussões políticas "durante um período máximo de seis meses (...) com a participação e a aprovação de todos os partidos do Níger sem exclusão", sob a supervisão de uma "autoridade civil dirigida por uma figura consensual aceite por todos os quadrantes da classe política", a fim de conduzir ao "restabelecimento da ordem constitucional no país", segundo Attaf.
O governante argelino reiterou a oposição de Argel, que partilha quase 1.000 quilómetros de fronteiras com o Níger, a qualquer intervenção armada no país vizinho.
"Como é que poderíamos autorizar a utilização do nosso espaço aéreo para uma operação militar?", questionou.
O Presidente Abdelmajid Tebboune frisou em 06 de agosto que "rejeita categoricamente qualquer intervenção militar externa" no Níger, que qualificou como "uma ameaça direta para a Argélia".
Na sequência do derrube, em 26 de julho, do Presidente Bazoum, eleito em 2021, a CEDEAO anunciou, em 10 de agosto, a intenção de enviar uma força militar da África Ocidental "para restabelecer a ordem constitucional no Níger".
Attaf alertou para os "efeitos catastróficos" de uma solução militar, que poderia "empurrar milhares de nigerinos para o caminho da migração", acrescentando que um novo conflito na região poderia ser "uma incubadora adicional para o terrorismo e o crime organizado".
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