UE disponível para ajudar cidadãos que estão no Gabão após golpe
A União Europeia (UE) está preparada para auxiliar os cidadãos europeus no Gabão, anunciou hoje o alto representante para os Negócios Estrangeiros, na sequência de um golpe no país.
© FREDERICK FLORIN/AFP via Getty Images
Mundo Gabão
"Vamos agir no Gabão como [agimos] no Níger ou em qualquer outro país onde haja cidadãos nossos que precisem de ajuda", disse Josep Borrell, em conferência de imprensa conjunta com a ministra da Defesa espanhola, em Toledo, após uma reunião informal dos ministros da UE com a pasta da Defesa.
O chefe da diplomacia europeia não avançou detalhes e revelou que foi surpreendido pelas notícias de um golpe de Estado em curso no Gabão às primeiras horas de hoje.
O Gabão enfrenta desde a madrugada um golpe de Estado levado a cabo por militares, iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições realizadas no sábado, segundo os quais o Presidente, Ali Bongo Ondimba, permaneceria no poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.
Um grupo de militares do Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.
Depois de constatar "uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (...) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor", declarou um dos militares.
O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam "encerradas até nova ordem".
De acordo com a agência France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.
Horas antes, a meio da noite, às 03:30 (mesma hora em Lisboa), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.
A comissão eleitoral anunciou que Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, com 30,77% dos votos.
O anúncio foi feito numa altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.
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