"A Rússia quer, provavelmente, evitar medidas de mobilização impopulares no período que antecede as eleições presidenciais de 2024", disseram os peritos britânicos no relatório diário sobre o conflito, divulgado pelo Ministério da Defesa.
As autoridades russas colocaram anúncios na Internet na Arménia e no Cazaquistão, oferecendo 495 mil rublos (4.800 euros, ao câmbio atual) como entrada e um salário de 190 mil rublos (1.800 de euros), referiram.
No caso do Cazaquistão, houve esforços específicos de recrutamento na região de Kostanai, com apelos à população de etnia russa.
Desde pelo menos maio passado, a Rússia tem vindo a tentar aliciar migrantes asiáticos, oferecendo a possibilidade de se juntarem às tropas na Ucrânia em troca de cidadania e de salários até 4.160 dólares (3.800 euros).
Os serviços britânicos disseram também que na cidade ucraniana de Mariupol, ocupada pelas tropas russas, foram confiscados passaportes a imigrantes uzbeques, principalmente trabalhadores da construção civil, como medida de pressão para se juntarem aos combates.
Só na Rússia, há pelo menos seis milhões de imigrantes da Ásia Central que Moscovo vê como "potenciais recrutas", acrescentaram, segundo a agência espanhola Europa Press.
Em setembro de 2022, as autoridades russas tiveram de recorrer a uma mobilização parcial para fazer face às perdas na linha da frente, o que permitiu recrutar pelo menos 300 mil soldados.
A mobilização provocou, no entanto, a fuga de centenas de milhares de russos para o estrangeiro.
Desde a primavera, o exército russo tem levado a cabo uma campanha de recrutamento voluntário, recorrendo à publicidade nas ruas e na Internet para prometer salários particularmente atrativos e benefícios sociais e bancários aos futuros soldados.
O ex-presidente russo Dmitri Medvedev afirmou hoje que o exército recrutou cerca de 280 mil militares desde o início do ano, mais 50 mil dos que os números divulgados em agosto.
"De acordo com os dados do Ministério da Defesa, cerca de 280 mil pessoas foram aceites, mediante contrato, nas fileiras das forças armadas desde 01 de janeiro", afirmou Medvedev, citado pela agência noticiosa estatal TASS.
O antigo chefe de Estado, que é atualmente vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, fez as declarações durante uma visita à ilha de Sacalina, no Extremo Oriente russo.
No início de agosto, Medvedev tinha anunciado o recrutamento de mais 230 mil pessoas desde o início do ano, segundo a agência francesa AFP.
O número oficial de baixas civis e militares do conflito é desconhecido, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado.
As informações divulgadas pelas duas partes sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato de forma independente.
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