Agência de energia nuclear lamenta falta de cooperação do Irão

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) lamentou hoje a falta de cooperação do Irão na reinstalação de câmaras de vigilância e na questão da presença de material nuclear em dois locais não declarados.

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Lusa
04/09/2023 13:07 ‧ 04/09/2023 por Lusa

Mundo

Irão

O diretor da agência da ONU, Rafael Grossi, lamentou que "não tenham sido feito progressos" num relatório consultado pela agência francesa AFP.

Após uma visita a Teerão, em março, Grossi congratulou-se com a promessa do Irão de reativar os dispositivos de vigilância, desligados em junho de 2022, num contexto da deterioração das relações com o Ocidente.

A AIEA considera que a falta das câmaras prejudica a sua capacidade de "garantir a natureza pacífica do programa nuclear do Irão".

Grossi também lamentou a "falta de progressos" sobre a presença de partículas de urânio nuclear em dois locais não declarados, Turquzabad e Varamin.

Este diferendo há muito que afeta as relações entre a República Islâmica e a AIEA.

Em 2022, foi uma das questões que bloquearam as negociações para relançar um acordo de 2015, destinado a limitar as atividades nucleares do Irão em troca do levantamento das sanções internacionais.

Teerão continua a renegar os compromissos no âmbito do acordo, na sequência da retirada dos Estados Unidos do pacto em 2018, por decisão do então Presidente Donald Trump.

As negociações sobre a reativação do acordo conhecido por JCPOA, ou Plano de Ação Conjunto Global, estão suspensas desde o verão de 2022.

O atual chefe da Casa Branca (Presidência norte-americana), o democrata Joe Biden, tentou reavivar o acordo, mas as negociações com o Irão e as outras potências do JCPOA (China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido) estagnaram.

Grossi apelou ao Irão para que coopere "seriamente e a longo prazo", segundo a AFP.

O Irão nega que pretenda desenvolver armas nucleares e afirma que o enriquecimento de urânio se destina exclusivamente a fins civis.

Num relatório separado, a AIEA informou que o Irão abrandou a produção de urânio altamente enriquecido (60%) entre maio e agosto.

Em 19 de agosto, as reservas iranianas de urânio enriquecido eram de 3.795,5 quilogramas, uma queda de 949 kg em relação a maio.

Fontes diplomáticas familiarizadas com o trabalho da AIEA no Irão disseram que os inspetores não sabem a razão deste abrandamento significativo.

"Pode tratar-se de uma decisão política ou técnica", disse um diplomata europeu aos jornalistas em Viena, citado pela agência espanhola EFE.

Apesar da redução na produção, o total de urânio enriquecido declarado pelo Irão continua a ser mais de 18 vezes superior ao limite autorizado.

O Irão tem atualmente 470,9 kg a 20% (+64,9 kg acumulados nos últimos meses) e 121,6 kg a 60% (+7,5 kg), um limiar próximo dos 90% necessários para fabricar uma bomba.

No âmbito do JCPOA, o Irão não deveria ter mais de 300 quilos de urânio, enriquecido a 3,67% no máximo.

Estes dados foram divulgados uma semana antes de uma reunião do Conselho de Governadores da AIEA na sede da organização, em Viena, Áustria.

Leia Também: Presidente do Cazaquistão propõe referendo sobre energia nuclear

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