O líder dos socialistas no parlamento de Espanha, Patxi López, disse aos jornalistas, numa conferência de imprensa em Madrid, que "um mundo" separa o PSOE de Puigdemont, mas sublinhou que "o caminho e o método" do partido "é o diálogo" e que os limites são a Constituição.
Patxi López sublinhou que na última legislatura, com um Governo liderado pelo PSOE, o diálogo e "a recuperação da política" provaram ser o método correto para alcançar a convivência na Catalunha e para resolver "problemas políticos".
Na última legislatura, o Governo espanhol indultou separatistas condenados pela tentativa de independência da Catalunha de 2017 e retirou do Código Penal o crime de sedição que levou dirigentes catalães à prisão e de que estavam acusados outros, como Puigdemont.
A situação na Catalunha é hoje "infinitamente melhor" do que em 2017, destacou Patxi López, que acrescentou que há seis anos, quando governava o Partido Popular (PP, direita), é que existiu em Espanha uma ameaça à integridade do país e desrespeito pela Constituição.
Patxi López escusou-se a comentar a exigência de Puigdemont de haver uma amnistia para os catalães condenados e acusados pela justiça por causa do processo de 2017 como condição prévia a negociações para a viabilização do novo Governo de Espanha por parte dos deputados do partido Juntos pela Catalunha (JxCat).
Em resposta a questões dos jornalistas, o dirigente socialista disse apenas não saber se a amnistia respeita a Constituição, que há opiniões e pareces diferentes sobre o assunto e que em última análise caberá ao Tribunal Constitucional pronunciar-se.
As declarações de Patxi López foram semelhantes, e em alguns termos e frases foram mesmo iguais, às da porta-voz do atual Governo de Espanha, Isabel Rodríguez, que numa conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros disse por diversas vezes que, no caso da Catalunha, "o diálogo é a ferramenta, a Constituição é a moldura e a convivência é o objetivo".
Isabel Rodríguez afirmou que os socialistas só serão mais concretos sobre este tema quando o líder do PSOE, Pedro Sánchez, for indicado pelo Rei de Espanha como candidato a primeiro-ministro para ser votado pelo parlamento.
Antes, acrescentou, "é o tempo" do líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, o mais votado nas eleições e cuja investidura como primeiro-ministro será votada em 26 e 27 de setembro no parlamento, embora tenha, para já, poucas possibilidades de ser bem sucedida por falta de apoios suficientes no plenário dos deputados.
O PSOE tem assegurado que, apesar de ter sido o segundo partido mais votado, tem condições para voltar a formar governo, com os votos de uma 'geringonça' de forças de esquerda, extrema-esquerda, regionalistas, nacionalistas e independentistas, que já conseguiu juntar em 17 de agosto, na eleição da presidência do parlamento.
Nessa eleição da presidência do parlamento, o PSOE contou já com o apoio do JxCat, de Carles Puigdemont, que vive na Bélgica desde 2017 para fugir à justiça espanhola.
Puigdemont fez hoje a exigência de uma amnistia, a partir de Bruxelas, depois de Pedro Sánchez ter dito na segunda-feira que vai conseguir um acordo para se manter à frente do executivo e que a próxima legislatura deixará "definitivamente para trás" a fratura aberta na Catalunha em 2017.
O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, considerou "uma anomalia democrática" que seja um fugitivo à justiça a impor as condições do futuro Governo do país.
Para o presidente do PP está em causa a defesa da igualdade perante a lei, a divisão de poderes no Estado de Direito e "a unidade da nação" e desafiou Sánchez a não pagar este preço para continuar a ser primeiro-ministro.
Quem também criticou a possibilidade de uma amnistia foi o antigo líder do PSOE e ex-primeiro-ministro Felipe González, que tem criticado a atual direção do partido e as opções de Sánchez.
"Se o presidente [do Governo, Pedro Sánchez] diz que tudo aquilo que fizer será dentro do quadro da Constituição, então diga-se claramente que no quadro da Constituição não cabe a amnistia ou a autodeterminação", afirmou o histórico socialista, numa entrevista à rádio Onda Cero.