Um homem britânico foi condenado pelo Tribunal da Coroa de Chester a 30 anos de prisão efetiva e mais 8 de pena suspensa "por contactar crianças no Reino Unido e nos Estados Unidos através da Internet e persuadi-las a praticar atos sexuais que depois gravou".
Assim se lê no comunicado informativo do Crown Prosecution Service (CPS), equivalente britânico ao Ministério Público.
David Harmes, de Wharton Gardens, em Winsford, Inglaterra, contactou mais de 300 crianças, entre as quais 158 meninas, tanto no Reino Unido como nos EUA. Todos os contactos foram feitos através das redes sociais, onde o pedófilo se fazia passar por um agente de modelos infantis.
Utilizou, ao longo de seis meses, cerca de 30 identidades falsas diferentes para contactar as crianças, recorrendo sempre ao mesmo guião, que foi encontrado junto ao seu computador pessoal pelas autoridades: "Sou o Jess [ou outro nome dos vários utilizados] e sou agente de modelos. Estamos a procurar raparigas entre os 10 e os 14 anos para ajudar-nos a lançar a coleção de primavera e acho que serias perfeita", cita a BBC.
"A prova online demora 10 minutos e se passares ganhas 1.200 libras só por fazê-la", dizia o mesmo guião, segundo a cadeia britânica.
O CPS revela que Hermes "foi extremamente prolífico nas suas tentativas de contactar crianças do sexo feminino, muitas vezes contactando muitas ao mesmo tempo" Como? "Costumava persuadir a criança a transferir uma app que permitia que pudessem fazer videochamadas. Mas invariavelmente mantinha a câmara desligada e usava um software de captura de ecrã para gravar e reter o que aparecia."
As autoridades tomaram conta das suas ações a 4 de janeiro de 2020, quando receberam uma denúncia de um homem que estava a fazer 'grooming' a uma criança de 11 anos através da Internet. O 'grooming' consiste na troca de mensagens, vídeos e imagens com menores, muitas vezes com teor sexual, através da Internet, por parte de adultos.
Acabou detido a 24 de julho de 2023, quando se declarou culpado de 88 acusações. "A maioria dos crimes dizia respeito ao facto de fazer 'grooming' a crianças do sexo feminino online e depois induzi-las ou incitá-las a praticar atividades sexuais, bem como à posse e produção de imagens indecentes de crianças", lê-se no relatório do CPS.
A mais nova das vítimas relacionadas a estas acusações - 45, no total (39 no Reino Unido e 6 nos EUA) - tinha apenas 6 anos de idade.
"Os sentimentos das crianças envolvidas não significavam nada para ele. Se alguma delas protestasse, ameaçava mostrar os vídeos que tinha feito a pessoas conhecidas2, disse o procurador Jiro Asafa.
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