Joe Biden visitará o Vietname em 10 de setembro, depois de participar na reunião dos líderes do G20 em Nova Deli, na Índia, que marcada pela ausência do seu homólogo chinês, Xi Jinping.
Num momento de tensões crescentes com Pequim, o líder norte-americano assinará um acordo de parceria estratégica com o Vietname, disseram fontes com conhecimento do acordo ao jornal Politico, sob condição de anonimato.
O acordo permitirá uma nova colaboração bilateral que impulsionará os esforços do Vietname para desenvolver o seu setor de alta tecnologia em áreas que incluem a produção de semicondutores e inteligência artificial.
Ambos os campos são áreas de competição entre os Estados Unidos e a China.
Segundo analistas, o estabelecimento desta parceria estratégica dará aos Estados Unidos um estatuto diplomático que o Vietname reservou a poucos países, como China, Rússia, Índia e Coreia do Sul.
"Se os Estados Unidos estiverem no mesmo pedestal que a China, isso significa muito para Pequim, mas também para o resto da região e do mundo. Isso significa que a relação EUA-Vietname percorreu um longo caminho desde 1995", quando os dois países estabeleceram relações diplomáticas, disse Derek Grossman, analista de Defesa do 'think tank' Rand Corporation e ex-oficial da inteligência, ao jornal Washington Post.
Se, por um lado, o acordo serve como um contrapeso dos Estados Unidos face ao crescente poder económico, diplomático e militar da China na região, por outro lado, "serve a propósitos simbólicos e substantivos" do Vietname, disse Le Hong Hiep, membro da instituição de investigação Yusof Ishak Institute, com sede em Singapura.
"Isto é o Vietname a garantir que pode equilibrar as duas potências [China e Estados Unidos] e manter a sua própria autonomia", avaliou Gregory Poling, diretor do programa do Sudeste Asiático no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, citado pelo Washington Post.
O acordo entre os Estados Unidos e o Vietname coincide ainda com um aumento da tensão entre Hanói e Pequim devido a disputas territoriais de longa data no Mar do Sul da China.
Contudo, apesar de o acordo ajudar a aumentar a influência norte-americana na região Indo-Pacífico, Biden pode esperar acusações de hipocrisia por defender uma política externa baseada em valores, ao mesmo tempo que reforça laços com um Estado repressivo e autoritário de partido único como o Vietname.
"A situação dos Direitos Humanos no Vietname tem vindo a piorar, e não a melhorar. Há definitivamente pessoas por aí que ficarão chocadas com este acordo, que verão isto como uma forma 'realpolitik' de fazer as coisas contra a China, ignorando ao mesmo tempo a situação agravada dos Direitos Humanos no Vietname", observou Grossman.
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