Trata-se da primeira visita à Arábia Saudita anunciada publicamente desde que uma coligação militar liderada por Riade lançou um conflito contra os huthis no Iémen em 2015, que provocou centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados.
O anúncio surge cinco meses depois de funcionários sauditas terem organizado conversações em Sana, a capital do Iémen, e enquanto se mantém um cessar-fogo mediado pela ONU, apesar de ter terminado oficialmente em outubro passado.
O encontro surge vários meses após o desanuviamento das relações entre o Irão e a Arábia Saudita.
"Estão em curso os preparativos para a visita de uma delegação huthi a Riade nas próximas 72 horas", disse à AFP um responsável governamental iemenita.
A informação foi confirmada pelos huthis e por fontes diplomáticas ocidentais.
Um diplomata ocidental no Iémen admitiu que a visita poderia ocorrer ainda hoje ou nos próximos dois dias.
Ali Al-Qhoom, membro do conselho político dos huthis, também anunciou a visita nas redes sociais.
Contactados pela AFP, os responsáveis sauditas não responderam de imediato.
O Iémen, o país mais pobre da Península Arábica, está mergulhado há oito anos numa guerra que opõe os rebeldes ao governo, apoiado por uma coligação militar liderada por Riade.
A violência diminuiu consideravelmente desde uma trégua de seis meses negociada pela ONU em abril de 2022, que expirou em outubro, mas que continua a ser mais ou menos respeitada.
Uma delegação de Omã, que desempenha o papel de mediador, chegou hoje a Sana, disseram funcionários do governo iemenita.
A visita ocorre poucos dias depois de uma reunião entre o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed ben Salmane, e o sultão Haitham bin Tariq Al Said.
Qhoom disse que a delegação dos rebeldes viajará para a Arábia Saudita num avião de Omã.
"Há otimismo quanto à mediação de Omã e aos esforços para alcançar a paz no Iémen", escreveu Qhoom na rede social X.
Segundo a ONU, 4,5 milhões de pessoas no Iémen, uma em cada sete da população, foram deslocadas, enquanto 24,1 milhões de pessoas, 80% da população, necessitam de ajuda humanitária e de proteção.
O movimento huthi, conhecido pelo apelido do dirigente religioso e político iemenita Hussein Badr al-Din al-Huthi (1959-2004), que o liderou, defende a minoria muçulmana xiita zaidi do Iémen.
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