Lula diz que Conselho de Segurança perde credibilidade e defende reforma

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tem perdido credibilidade porque os seus membros permanentes travam guerras sem autorização e defendeu uma reforma no órgão.

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Lusa
19/09/2023 15:45 ‧ 19/09/2023 por Lusa

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"O Conselho de Segurança da ONU vem perdendo progressivamente sua credibilidade. Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia", afirmou o Presidente brasileiro na abertura dos debates gerais da 78.ª Assembleia-Geral da ONU.

Segundo Lula da Silva, a alegada fragilidade do Conselho de Segurança "decorre em particular da ação de seus membros permanentes, que travam guerras não autorizadas em busca de expansão territorial ou de mudança de regime".

"Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade e eficácia", completou.

Lula da Silva, que está no terceiro mandato presidencial, retorna ao plenário da ONU após 14 anos. A última vez que discursou como Presidente brasileiro foi na Assembleia-Geral de 2009.

A crítica à governança global também foi tema do discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, que sublinhou, na abertura do evento, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas reflete a realidade política e económica de 1945, quando muitos países agora representados no plenário da ONU ainda estavam sob domínio colonial.

"O mundo mudou. As nossas instituições não. Não podemos resolver eficazmente os problemas tais como eles são se as instituições não refletirem o mundo tal como ele é. Em vez de resolverem problemas, correm o risco de se tornarem parte do problema", disse Guterres.

No seu discurso, o Presidente brasileiro também apelou ao "diálogo" para pôr fim duradouro à guerra na Ucrânia.

"A guerra na Ucrânia expõe a nossa incapacidade coletiva de fazer cumprir os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas (...) Nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo", declarou.

Desde o início da guerra na Ucrânia, o Brasil recusou-se a fornecer armas à Ucrânia ou a impor sanções contra a Rússia de Vladimir Putin. 

O chefe de Estado brasileiro gerou polémica ao afirmar repetidamente que a responsabilidade pelo conflito era compartilhada, ao mesmo tempo em que condenava a invasão russa.

"É preciso trabalhar para criar um espaço de negociação" entre as partes, reafirmou Lula da Silva na tribuna da ONU, onde também criticou que "se tenha investido muito em armas e muito pouco em desenvolvimento".

O Presidente brasileiro deverá encontrar-se com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quarta-feira, em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU, após a reunião perdida em maio, durante a cúpula do G7, segundo a presidência brasileira.

Uma reunião bilateral entre Lula da Silva e Zelensky foi planeada durante o G7 em Hiroshima, no Japão, mas acabou por não acontecer, oficialmente devido a uma incompatibilidade de agendas.

O Presidente ucraniano declarou, naquela ocasião, que o líder brasileiro ficou certamente "dececionado" com esta reunião perdida. Questionado por jornalistas depois da declaração de Zelensky, Lula da Silva respondeu que "não estava dececionado", mas "chateado".

[Notícia atualizada às 16h32]

Leia também: Emergência climática torna urgente mudar rumores e cumprir acordos

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