Discursando na Assembleia Geral das Nações Unidas, o monarca haxemita, sem nunca criticar Israel, defendeu a criação de dois Estados com a capital em Jerusalém, cujos sítios sagrados têm segurança garantida pela Jordânia.
"Cerca de um terço dos 11 milhões de habitantes da Jordânia são refugiados sírios e palestinianos. É uma tragédia. Cerca de 1,4 milhões de refugiados são crianças. E continuam a nascer centenas, milhares, em território jordano. Fazemos o melhor que podemos, mas os nossos recursos estão a chegar ao fim", alertou.
Lembrando que as agências internacionais de apoio aos refugiados e deslocados estão a ficar também sem fundos -- "os apelos à ajuda financeira ficam muito aquém do necessário" --, Abdullah questionou-se sobre como o mundo "pode estar a bater tão fundo, quando devia promover a solidariedade".
"O impacto dos refugiados não afeta um só país, uma só região. Veja-se o exemplo das fugas para a Europa", frisou.
Salientou ainda que as organizações internacionais, como a própria ONU, devem ir, "de vez, à raiz dos problemas", quer na guerra na Síria quer no conflito israelo-palestiniano.
"Sete décadas e meia depois está a tornar-se cada vez mais difícil resolver [o conflito israelo-palestiniano]. Cinco milhões de palestinianos vivem fora dos territórios palestinianos", alertou.
Para Abdullah II, se Israel tem a sua identidade nacional, também a Palestina tem direito a ela, pelo que continuar a atrasar o processo "só trará mais mortes".
Nesse sentido, salientou ser "urgente" que as agências de apoio humanitário e solidário sejam dotadas com mais fundos financeiros para evitar novas tragédias e, paralelamente, deixar de tratar as questões como estatísticas, indo à raiz dos problemas para os resolver definitivamente.
O debate de alto nível da 78.ª sessão da Assembleia Geral da ONU arrancou hoje, em Nova Iorque, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, e irá prolongar-se até ao próximo dia 26.
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