"Um veículo com militares russos foi alvo de fogo de armas ligeiras quando regressava de um posto de observação do contingente de manutenção da paz em Cayataq (cerca de 35 quilómetros a norte da capital de Nagorno-Karabakh, Jankendi). Em consequência do ataque, todos os soldados foram mortos", declarou, num comunicado, o Ministério da Defesa na rede social Telegram, sem quantificar.
O ministério russo também não especificou a hora do incidente, pelo que não se sabe se ocorreu antes ou depois do cessar-fogo declarado entre as partes no Nagorno-Karabakh, mas adiantou que investigadores russos e azeris estão no local para apurar as causas do ataque.
As autoridades da autoproclamada república do Nagorno-Karabakh anunciaram um acordo de cessar-fogo ao meio-dia de hoje, 24 horas depois de o Azerbaijão ter lançado uma operação militar no território separatista povoado por arménios.
As duas partes concordaram em desarmar as suas unidades e dissolver as forças de defesa de Nagorno-Karabakh e vão retomar quinta-feira as negociações, sobretudo no que diz respeito à integração do enclave no Azerbaijão e as garantias de segurança para os habitantes do enclave.
Entretanto, fontes da missão de paz russa indicaram que o cessar-fogo entre o Azerbaijão e os separatistas arménios em Nagorno-Karabakh está, "por enquanto", a ser respeitado.
"Não foram registadas quaisquer violações do cessar-fogo", referiu num boletim informativo o contingente russo, sublinhando que continuam as operações de retirada da população civil.
Segundo as fontes, as forças russas já retiraram 3.154 pessoas, incluindo 1.428 crianças, para o local onde estão instaladas.
Entretanto, em Moscovo, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou hoje quer a crise em Nagorno-Karabakh é "um assunto interno" do Azerbaijão.
"Não há dúvida de que a questão em Nagorno-Karabakh é um assunto interno do Azerbaijão", disse Peskov, citado pela agência Interfax.
"O Azerbaijão está a agir no seu próprio território, o que é reconhecido pela liderança arménia", acrescentou.
Segundo o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, os separatistas do Karabakh "começaram" já a entregar as suas armas.
Entretanto, o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, falou hoje por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, mais de 24 horas após o início da ofensiva do Azerbaijão neste enclave separatista, segundo informou no Facebook a porta-voz de Pachinian, Nazeli Baghdassarian.
A Arménia responsabilizou hoje a Rússia pela segurança dos cerca de 120 mil arménios de Nagorno-Karabakh, na sequência da decisão dos separatistas de aceitarem depor as armas e negociar com o Azerbaijão.
O acordo, que pôs termo a uma ofensiva militar lançada pelo Azerbaijão em Nagorno-Karabakh há 24 horas, foi negociado pela força de manutenção da paz que a Rússia mantém no território desde 2020.
Situado no sul do Cáucaso, Nagorno-Karabakh é um pequeno território montanhoso que tinha cerca de 150 mil habitantes antes da guerra de 2020, maioritariamente arménios.
Nagorno-Karabakh foi uma região autónoma da então república soviética do Azerbaijão, mas as autoridades locais anunciaram a intenção de pertencer à Arménia no processo de dissolução da União Soviética.
Estados Unidos, Rússia e França têm mediado o conflito entre a Arménia e o Azerbaijão, um exportador de petróleo para a Ásia Central e Europa.
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