Um dissidente chinês conhecido por assinalar regularmente a repressão de 1989 aos manifestantes pró-democracia na Praça Tiananmen, em Pequim, fugiu para Taiwan esta sexta-feira e pediu ajuda para procurar asilo nos Estados Unidos ou no Canadá.
Chen Siming divulgou, através de um vídeo na rede social X (antigo Twitter), que estava na área de trânsito (área internacional) do Aeroporto Internacional de Taoyuan, para escapar da perseguição política chinesa.
"Os métodos de manutenção da estabilidade da polícia chinesa dirigidos a mim estavam a tornar-se cada vez mais cruéis e loucos", frisou este chinês na sua publicação.
"Detiveram-me à vontade, sem seguir os procedimentos legais. Ficaram com o meu telemóvel e até me deram uma avaliação psiquiátrica. Não posso mais continuar a aceitar a destruição da minha dignidade pessoal, o atropelamento da minha honra e a ameaça ao meu corpo", acrescentou.
Embora não seja claro como Chen conseguiu viajar para Taiwan, o dissidente chinês referiu à agência Associated Press (AP) que deixou a China em 22 de julho, rumo a Taiwan, uma ilha autónoma reivindicada por Pequim.
Chen sublinhou que, desde 2017, a polícia o prendeu todos os anos, principalmente na data das comemorações anuais da repressão de 04 de junho na Praça Tiananmen, em Pequim.
O período de detenção mais curto durou uma semana, seguindo-se 15 dias e depois períodos mais longos, denunciou.
Na China, as homenagens públicas aos manifestantes que foram mortos na repressão são suscetíveis de atrair a atenção da polícia, detenção ou prisão.
Em maio, as autoridades da província de Hunan, no sul da China, detiveram Chen depois deste ter feito uma publicação nas redes sociais a assinalar a repressão.
Chen destacou que tem sido perseguido pela polícia daquele Estado ao longo dos anos, durante "períodos delicados" perto da data de aniversário.
O grupo Defensores Chineses dos Direitos Humanos instou Taiwan a ajudar Chen a procurar asilo.
"Se Chen Siming for devolvido à China, enfrentará um risco quase certo de detenção, tortura e outros maus-tratos, e um julgamento injusto", alertou William Nee, coordenador de investigação e defesa da organização não-governamental.
Os próximos passos para Chen são complicados, já que Taiwan não tem uma política formal de refugiados.
As autoridades da ilha também se tornaram cada vez mais cautelosas com os riscos de segurança representados pela China e negou a residência permanente a algumas pessoas que pretendiam mudar-se de Hong Kong, devido ao crescente controlo de Pequim sobre a cidade.
Chen frisou que está ciente dos riscos, acrescentando que preferiu fugir para Taiwan do que para a Tailândia ou Laos, outros países para onde os dissidentes chineses frequentemente fogem.
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