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Venezuela. 500 funcionários condenados por violações de Direitos Humanos

O Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, indicou hoje que mais de 500 funcionários de diferentes organismos do Estado foram condenados, desde 2017, por violar os Direitos Humanos do país.

Venezuela. 500 funcionários condenados por violações de Direitos Humanos
Notícias ao Minuto

21:03 - 28/09/23 por Lusa

Mundo Venezuela

Este número "realmente importante, extremamente relevante" foi anunciado por Saab numa conferência de imprensa em Caracas por ocasião da inauguração de um gabinete do Ministério Público (MP) dedicado à terceira idade e pessoas com deficiências.

"Num trabalho sistemático realizado em toda a nação venezuelana (...) conseguimos, a partir do ano de 2018, até hoje, diminuir as violações dos Direitos Humanos no nosso país em 42%", sublinhou

Segundo o procurador, os casos de violações dos Direitos Humanos na Venezuela passaram de 13.234 em 2018 para 7.639 em 2022.

"Conseguimos também responsabilizar 2.053 pessoas por violações dos Direitos Humanos e acusar 2.304 dos envolvidos e, ao mesmo tempo, privámos de liberdade 955, assim como 509 funcionários e particulares que se associaram a essas pessoas", disse.

Por outro lado, o procurador fez um balanço do programa "Pedofilia é crime", contra o abuso infantil e instou a população a "não normalizar, de maneira teórica ou ideologizada o tema da agressão a crianças". Segundo Tarek William Saab, desde janeiro de 2023 as autoridades venezuelanas receberam 5.428 denúncias de pedofilia.

Na quarta-feira, a organização não governamental (ONG) Centro para os Defensores e a Justiça (CDJ) revelou que em agosto registou 60 ataques e incidentes de segurança contra ativistas dos direitos humanos na Venezuela, mais 40 do que em julho.

Os dados fazem parte do relatório "Situação dos Defensores de Direitos Humanos na Venezuela -- Agosto de 2023", que insta o Estado a garantir espaços propícios e seguros, e a investigar e sancionar os responsáveis.

"Vemos com preocupação que aumentaram os atos de intimidação, assédio e as ameaças contra quem documenta, denuncia e reivindica, perante as graves violações dos Direitos Humanos que ocorrem no país", disse a ONG.

Segundo o CDJ, "prosseguem as campanhas de estigmatização, com discursos sistemáticos de ódio e desqualificação destinados a intimidar e neutralizar a sociedade civil, enquanto avançam as restrições ao espaço cívico e democrático, e a utilização de regulamentos relacionados com o controlo do terrorismo e da criminalidade organizada para perseguir e criminalizar".

Na segunda-feira, a Venezuela acusou a Missão Internacional de Determinação dos Factos da ONU, que documentou "graves" violações dos Direitos Humanos no país, de legitimar a imposição de sanções internacionais em cumplicidade com os EUA.

"A Venezuela expressa mais uma vez a sua mais categórica condenação pelas insólitas acusações, falsas e sem fundamento, feitas pela mal chamada Missão (...) num novo relatório panfletário apresentado perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra", acusou o Governo venezuelano em comunicado.

A mesma fonte refere ainda que "a intempestiva apresentação do relatório se insere na estratégia que se pretende manter contra a Venezuela, para manchar a sua imagem e legitimar a imposição de medidas coercivas unilaterais criminosas e ilegais, baseadas, desta vez, na utilização seletiva, instrumentalizada, falsa e manipulada da situação dos direitos humanos no país".

Liderada pela jurista portuguesa Marta Valinhas, a Missão para a Venezuela apresentou na segunda-feira, perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, o 4.º relatório sobre a situação naquele país.

"Continuam a ser cometidas graves violações dos Direitos Humanos na Venezuela e não são acontecimentos isolados, mas que refletem uma política que continua de repressão da dissidência e da oposição ao Governo", disse Valinhas durante a apresentação do relatório.

Valinhas explicou que, entre janeiro de 2020 e 31 de agosto de 2023, foram investigados 43 novos casos relacionados com violações dos direitos humanos, que afetaram 72 vítimas individuais (47 homens, 25 mulheres e uma mulher transexual).

Leia Também: ONU pede aos EUA que libertem "enviado especial" venezuelano Alex Saab

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