Quatro militares presos no Burkina Faso após tentativa de golpe de Estado

O sistema de justiça militar do Burkina Faso anunciou a detenção de quatro oficiais das Forças Armadas, suspeitos de estarem envolvidos numa "conspiração contra a segurança do Estado", após declarações do governo alegando ter frustrado uma tentativa de golpe.

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Lusa
28/09/2023 21:18 ‧ 28/09/2023 por Lusa

Mundo

Burkina Faso

O Ministério Público militar "com base numa denúncia credível, denuncia uma conspiração contra a segurança do Estado em curso e implicando agentes (...) pelo que abriu imediatamente uma investigação detalhada para elucidar os factos denunciados", indicou o magistrado militar Ahmed Ferdinand Sountoura num comunicado, consultado hoje pela agência de notícias francesa AFP.

Segundo o texto do comunicado, "quatro agentes" foram detidos e "dois estão em fuga".

Embora a identidade dos militares não tenha sido revelada, várias fontes de segurança disseram à AFP que pelo menos dois comandantes de unidades especiais estão entre os quatro detidos.

Hoje, as ruas da capital, Ouagadougou, estavam calmas, sem medidas especiais de segurança, segundo um jornalista da AFP.

O governo afirmou na noite de quarta-feira que uma "tentativa comprovada de golpe foi frustrada a 26 de setembro de 2023 pelos serviços de inteligência e segurança burquinenses".

Além disso, assegurou que pretende lançar "toda a luz sobre este complô", enquanto o Ministério Público Militar convocou testemunhas, "perante a ocorrência de tentativas e outras alegações de desestabilização".

Em dezembro de 2022, o Ministério Público já tinha denunciado uma tentativa de desestabilização do regime e anunciou detenções de militares.

Terça-feira à noite, milhares de pessoas saíram às ruas da capital Ouagadougou para declaraem apoio ao presidente de transição, capitão Ibrahim Traoré, para "defendê-lo" face aos rumores de um golpe que agitavam as redes sociais.

"Estou seguro da minha determinação em liderar a transição com sucesso, apesar das adversidades e das diversas manobras para travar a nossa marcha inexorável rumo à soberania assumida", declarou Traoré, na quarta-feira, no X (ex-Twitter).

O meio de comunicação francês Jeune Afrique, que publicou dois artigos evocando tensões dentro do exército burquinense, foi suspenso na segunda-feira pelo governo.

Estas alegadas tentativas de desestabilização ocorrem quase um ano depois de Traoré ter tomado o poder, através de um golpe de Estado, em 30 de setembro de 2022.

Na altura, o militar invocou, nomeadamente, a deterioração da situação de segurança para justificar o golpe, o segundo em oito meses neste país minado pela violência terrorista numa grande parte do seu território.

Os ataques ocorrem em particular na zona das "três fronteiras", que o Burkina Faso partilha com o Níger e o Mali, dois países também liderados por militares que chegaram ao poder através de golpes de Estado.

Estes três países assinaram uma carta no início deste mês que estabelece uma aliança de "defesa coletiva e assistência mútua", criando a Aliança dos Estados do Sahel (AES).

Desde 2015, esta violência terrorista causou mais de 17 mil mortes e mais de dois milhões de pessoas deslocadas internamente só no Burkina Faso.

O governo do Burkina Faso afirmou na semana passada que, até 31 de agosto, 191.937 pessoas deslocadas tinham regressado às suas respetivas localidades em várias regiões do Burkina Faso, anunciando uma reconquista de localidades anteriormente ocupadas por grupos terroristas.

Apesar destas ações, os ataques atribuídos a grupos terroristas ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico continuam regularmente em quase todo o território burquinense.

Leia Também: Governo de transição do Burkina Faso denuncia tentativa de golpe de Estado

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