Blinken e Subrahmanyam Jaishankar encontraram-se no Departamento de Estado em Washington e quando os EUA tentam conter a disputa entre o seu vizinho do norte e o país da Ásia do sul, decisivo para a sua estratégia no Indo-Pacífico destinada a conter a crescente influência da China na região.
"Mantivemo-nos em contacto com o Governo indiano sobre esta questão [a crise entre o Canadá e a Índia] e exortámo-los a cooperarem", limitou-se a referir o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
Previamente, o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau disse que Blinken terá garantido que o tema seria abordado com o homólogo indiano e que iria pedir a Nova Deli para cooperar na investigação sobre a morte do ativista.
Hardeep Singh Nijjard, líder de um movimento em declínio destinado a criar uma nação sikh e considerado um terrorista pela Índia, foi abatido em junho por homens armados e de cara coberta perto de Vancouver.
Na terça-feira a Índia disse estar disponível para examinar as provas que o Canadá diz ter sobre o alegado envolvimento de Nova Deli no seu assassínio, mas reiterou as críticas a Otava.
As relações entre a Índia e o Canadá deterioraram-se fortemente desde que o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, sugeriu que a Índia esteve envolvida no homicídio de Nijjard, um cidadão canadiano.
Questionado na terça-feira sobre se a Índia iria analisar as alegadas provas, o chefe da diplomacia indiana, de visita a Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, garantiu que Nova Deli examinaria quaisquer provas fornecidas por qualquer país.
"Se houver um incidente que coloque um problema e alguém me der informações precisas (...), é claro que analisarei o assunto", afirmou Subrahmanyam Jaishankar.
As acusações de Otava, qualificadas de "absurdas" pela Índia, provocaram uma grave crise diplomática entre os dois países, marcada pela expulsão recíproca de diplomatas e pela suspensão temporária do tratamento dos pedidos de visto no Canadá por parte do Governo indiano.
"Fornecemos muitas informações às autoridades canadianas sobre os líderes do crime organizado que operam a partir do Canadá", afirmou o chefe da diplomacia indiana, referindo-se ao movimento independentista sikh que defende a criação de um Estado independente, o Khalistan, no norte da Índia.
"A nossa preocupação é que o Canadá tenha sido muito permissivo por razões políticas", acusou Jaishankar na ocasião. "Encontramo-nos numa situação em que os nossos diplomatas são ameaçados, os nossos consulados são atacados", criticou.
Centenas de sikhs manifestaram-se contra o governo indiano em frente às missões diplomáticas da Índia no Canadá, na segunda-feira.
O Canadá acolhe a maior comunidade sikh do mundo fora da Índia, com 770 mil canadianos a declararem-se sikhs em 2021, o que representa 2% da população do país.
Leia Também: Blinken surpreende e canta 'blues' em jantar diplomático