Coreia do Sul prefere "aliança com EUA" do que desenvolver nuclear

O académico Dong Sun Lee apontou hoje que muitos sul-coreanos querem o desenvolvimento de armas nucleares para dissuadir um ataque da Coreia do Norte, realçando, porém, que Seul prefere apostar numa aliança com Washington para alcançar tal propósito.

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Lusa
29/09/2023 23:01 ‧ 29/09/2023 por Lusa

Mundo

Dong Sun Lee

"Os coreanos mais radicais apoiam o armamento nuclear nacional, mas o nosso Governo não está disposto a assumir isso como política oficial", afirmou hoje à Lusa o diretor do Instituto para a Paz e Democracia da Universidade da Coreia e professor de Ciência Política e Relações Internacionais, em declarações feitas à margem do Fórum Mundial sobre a Coreia, evento realizado em conjunto com o Centro de Geopolítica da Universidade de Cambridge, Inglaterra.

O evento, organizado pelo Ministério da Reunificação coreano e ao qual a Lusa teve acesso, reúne anualmente académicos, representantes de governos e organizações da sociedade civil e especialistas para discutir questões como os direitos humanos, diplomacia e política. 

A desnuclearização da Coreia do Norte foi um dos temas mais debatidos, com intervenientes divididos sobre o poder de dissuasão que armas nucleares podem ter sobre o regime de Pyongyang.

Em abril, os Presidentes norte-americano, Joe Biden, e sul-coreano, Yoon Suk-yeol, assinaram uma declaração na qual Washington reiterou o "compromisso de dissuasão alargada" das armas nucleares dos Estados Unidos para proteger a Coreia do Sul. 

O acordo incluiu o reforço da visibilidade de meios militares na Península da Coreia, nomeadamente o envio de um submarino de mísseis balísticos nucleares norte-americanos, bem como exercícios militares conjuntos.

"Neste momento, muitos coreanos e o nosso Governo concordam na estratégia de tornar mais credível a dissuasão alargada. A declaração de Washington é um passo muito importante para atingir esse objetivo", afirmou Lee à Lusa.

Porém, admitiu que "se houver a perceção de que a dissuasão alargada não é suficiente", a opinião pública poderá aumentar a pressão para exigir uma política mais agressiva. 

"Mas é muito difícil imaginar o Governo sul-coreano a recorrer à força contra a Coreia do Norte para acabar com o seu programa nuclear", vincou.

Além da relutância de Seul, Dong Sun Lee afirmou que "muitos coreanos acreditam que, se a Coreia do Sul desenvolver as suas próprias armas nucleares, poderá perder a valiosa aliança com os Estados Unidos, porque os Estados Unidos são contra a proliferação nuclear".

As tensões na Península Coreana atingiram o nível mais elevado dos últimos anos, com Pyongyang a testar mais de 100 mísseis desde o início de 2022, e os Estados Unidos, em retaliação, a reforçarem os exercícios militares com os aliados asiáticos.

No ano passado, a assembleia norte-coreana aprovou uma nova doutrina nuclear que autoriza ataques nucleares se a liderança da Coreia do Norte estiver sob ameaça.

Este ano celebra-se o 70.º aniversário do armistício da Guerra da Coreia (1950-1953), desencadeada pela invasão da Coreia do Sul por tropas da Coreia do Norte.

As duas Coreias nunca assinaram um tratado de paz, pelo que continuam tecnicamente em guerra.

Leia Também: Enviado especial do presidente sul-coreano inicia visita a Cabo Verde

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