Kosovo acusa Sérvia de querer anexar norte do território

O primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, acusou hoje a Sérvia de ter orquestrado o ataque recente à aldeia de Banjska como parte de um plano mais vasto para anexar o norte do Kosovo.

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© Erkin Keci/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
02/10/2023 13:32 ‧ 02/10/2023 por Lusa

Mundo

Kosovo

"Com base nos documentos apreendidos, a polícia do Kosovo confirmou que o ataque terrorista fazia parte de um plano mais vasto para anexar o norte do Kosovo", escreveu Kurti nas redes sociais.

O plano envolvia "um ataque coordenado a 37 posições" para "criar um corredor para a Sérvia" que permitisse "o fornecimento de armas e tropas", disse Kurti, citado pela agência francesa AFP.

No ataque, ocorrido em 24 de setembro, um comando paramilitar de várias dezenas de efetivos matou um polícia albanês kosovar e feriu outro numa barricada perto da aldeia de Banjska, no norte do Kosovo.

Três membros do comando, todos sérvios do Kosovo, foram mortos e três outros detidos numa operação subsequente das forças especiais da polícia do Kosovo.

Um terço dos cerca de 120 mil sérvios do Kosovo (1,8 milhões de habitantes) vive nesta região fronteiriça com a Sérvia, onde Pristina pretende afirmar a soberania.

Apoiados por Belgrado, recusam qualquer fidelidade ao governo do Kosovo, uma antiga província sérvia de maioria albanesa que proclamou a independência em 2008, nunca reconhecida pela Sérvia.

No próprio dia do ataque, as autoridades de Pristina afirmaram que Belgrado estava por detrás deste grupo fortemente armado, acusações que as autoridades sérvias rejeitam.

Esta é uma das mais graves escaladas ocorridas no norte do Kosovo, que tem sido recentemente abalado por frequentes incidentes.

Os Estados Unidos, principal aliado internacional do Kosovo, alertaram na sexta-feira para um "destacamento militar sérvio significativo ao longo da fronteira com o Kosovo" e apelaram à Sérvia para "retirar [as suas] tropas".

A NATO anunciou no domingo o reforço da missão militar de 4.500 homens no Kosovo com 600 soldados britânicos, dos quais 400 já se encontravam no território, no âmbito de um exercício.

A ministra dos Negócios Estrangeiros do Kosovo, Donika Gervalla-Schwarz, alertou hoje para o risco de um ataque militar da Sérvia e apelou para uma reação da comunidade internacional, especialmente da União Europeia (UE).

"A ameaça sérvia não deve ser aceite", declarou numa entrevista à rádio pública alemã Deutschlandfunk, citada pela agência espanhola EFE.

Gervalla-Schwarz comparou o destacamento de forças sérvias na fronteira do Kosovo ao feito pela Rússia antes de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, apesar de informações de que Belgrado tinha entretanto retirado parte das tropas.

A ministra admitiu que o Governo do Kosovo desconhece a dimensão da concentração de tropas sérvias na fronteira, mas manifestou o receio de uma possível agressão.

"Se isto for tolerado, então haverá uma guerra nos Balcãs, e isso tem de ser evitado", afirmou.

O Kosovo afirmou no domingo que o ataque de 24 de setembro foi preparado e ensaiado em instalações do exército sérvio no centro do país.

O Kosovo formalizou um pedido de adesão à UE em dezembro de 2022, apesar de Espanha, Grécia, Eslováquia, Chipre e Roménia não reconhecerem a independência kosovar.

Sendo necessária a unanimidade dos Estados-membros, a UE considera o Kosovo apenas como um potencial candidato à adesão.

Leia Também: Um polícia morto e outro ferido em tiroteio no norte do Kosovo

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